quinta-feira, 2 de outubro de 2008

It’s a magical world


O mundo é fabuloso, mágico, pulsátil de dinamismo, também é bestial. E a sua face de íncubo tem-se revelado vezes demais ultimamente, não só à noite como a lenda, atreve-se a passear de cara descoberta pelas nossas ruas, tamanho é o desplante. O Globo permanece redondo, o Velho Continente insiste em não rejuvenescer (veta as tentativas de mudança estrutural de que tanto carece); o País dos Sonhos envelhece a ritmo acelerado, má gestão, oportunidades perdidas e falta de novas que as colmatem, põem e porão a sua influência internacional em causa. Cai a águia e entram em cena Rússia (ou Gazprom) e China; Brasil e Índia em segundo plano mas a emergir também. A Santa Mãe, rejubila, aplaude, retoma a velha cartilha e exibe a sua força, purga as mágoas: a mais recente (o recém-parido estado kosovar), foi vingada com a Geórgia, no apoio dos movimentos separatistas abkhazes e ossetas. Quanto à República Popular Chinesa, onde se erguem barragens gigantes, avenidas rolex, centrais nucleares são construídas às dezenas (30 em projecto), e os céus são rasgados por foguetões ansiosos por deixar o cosmos de olhos em bico; ainda muito, quase tudo, falta fazer em matéria de direitos liberdades e garantias (quanto mais de direitos de terceira e quarta geração!). Não adianta encapotar o autoritarismo chinês, é grosseiro, injusto, INADMISSÍVEL. O Estado que se posicionará como primus inter pares, põe já em sentido meio mundo: negoceia com os Estados Unidos e com a Rússia; arranjou maneira de atulhar a União Europeia de consumíveis baratos; fornece armamento ao totalitarismo africano, e seduz o médio oriente.

Neste quadro não é, de forma alguma, exagerado afirmar que as democracias estão em desvantagem. Vejamos se tenho razão. Para além da Rússia e China, carecem de cimento democrático: Bielorrússia; Venezuela; Angola; Guiné; Zimbabué; Coreia do Norte; Gana; Irão; Líbano; Líbia; Paquistão; Iraque; Afeganistão; Myanmar; Haiti; Geórgia; Sudão; Costa do Marfim; Serra Leoa; Senegal; etc. É absolutamente necessário reflectir sobre estes dados, e convém que tenhamos em conta que esta inflexão dos regimes democráticos, acarreta complexas questões de segurança, coloca-nos o credo na boca: será admissível permitirmos que a ONU seja controlada por um lobby afro-asiático (que chega ao ponto de enviar Mbeki, compincha de Mugabe, para mediar as eleições zimbabueanas)? Daí a ideia, talvez não tão absurda quanto isso, partilhada por Obama e Mccain, de criar uma Liga dos Estados Democráticos.

2 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

o equilíbrio para esta situação continua a ser a europa.
é a europa que se tem de unir contra as ameaças à cultura que ela começou.
mas como predomina o fantasma do colonialismo e a auto-comiseração que se tem imposto à europa por ter começado essa coisa horrível que é a globalização, esta nunca se unirá numa base de sentimentos de culpa. nisso, ainda temos dignidado. preferimos estar separados, cada um a remoer as moralidades ofendidas dos movimentos dos anos 60.
assim, temos a europa dos que apoiam a GAZPROM (Alemanha), a europa dos que nao querem a entrada da turquia (França e Alemanha) e a europa do chavez (portugal).
em unissono, temos o apelo que nos une a todos: gritamos de furia contra os estados unidos, os unicos que ainda nos respeitam.
tolos que eles são.

Ary disse...

Isto vai passar porque, como dizia o Fukuyama, não há modelo alternativo com vocação universalista. Eu não acredito em determinismos históricos, mas aqui há um fundo de verdade.