quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Posição de Princípio


Com naturalidade se considera tolice falar em coragem política. O tempo dos homens de bem, firmes, espirituosos, despreocupadamente competentes e à vontade com os seus defeitos (maxime Churchill) já lá vai. Exéquias fúnebres cumpridas, exumado o corpo perguntamos: mas será tão abjecto salvaguardar um certo conservadorismo ético-moral? Tenho para mim que um pouco de firmeza no trato político não indisporia ninguém. Todavia, encontramo-nos votados a bajular Chávez, a oscular (sonoramente) os anéis de José Eduardo dos Santos e sua adorável filha, bem como a consumir, por via intravenosa, a China (é comicamente grotesco não receber oficialmente Dalai Lama com receio de represálias).

Infelizmente, os nossos pecados transcendem a fraca escolha de companhias, escarnecemos (subterfúgio milenar) até do Direito Internacional. Não podemos, honestamente, reconhecer a independência kosovar à revelia da Sérvia, por muito poroso que o conceito de SOBERANIA possa parecer. Ora, um acto unilateral desta índole é um ultraje para o Direito Internacional, a negação do mesmo, uma impertinência perfeitamente descabida e que coloca em cheque tantos Estados a braços com problemas separatistas. Não é de desconsiderar a seguinte questão: haverá Nação Kosovar? Coloquemos sérias dúvidas.

Bem, o que está em causa é a atitude do Estado português que, numa oportunidade preciosa de optar por uma posição de princípio, escolhe seguir de bom grado a Comunidade Internacional, gesto fácil, que para grandes correrias já não temos pernas. Obviamente não seríamos sancionados comunitariamente em caso de oposição, tratou-se então de agradar Bruxelas, quão dóceis somos. Não importa que a Rússia aponte no seu bloco de notas quem reconhece ou deixa de reconhecer o Kosovo, ávida por colocar entraves energéticos a meio mundo, nós, bons meninos pois claro, não nos damos com os maus da fita.

1 comentário:

D. disse...

tal como um país pequeno, temos de seguir obedecendo quais ovelhas, o que os grandes nos oferecem. neste caso, do outro lado do atlântico, temos encontrado o nosso "dono" e temos seguido cegamente tudo aquilo lhes agrada.