A França está pronta para intervir militarmente no Chade contra as forças rebeldes, disse hoje o presidente francês, Nicolas Sarkozy. A presença da França nas suas antigas colónias ainda é muito presente. De facto, a descolonização francesa do século XX, planeada de forma a conseguir uma espécie de confederação de estados entre a antiga metrópole e os novos estados africanos, foi a mais pacífica entre a realizada pelos restantes países colonizadores, principalmente o exemplo de Portugal e Bélgica, que enfrentaram terríveis guerras ultramarinas e cometeram-se crimes horrendos reprováveis de parte a parte.
No entanto, falhada esta tentativa de confederação em África, devido ao fraco carácter da presença francesa em terras africanas, manteve-se ainda um sistema híbrido de protectorado e confederação nas antigas possessões das caraíbas e América do sul, e a França continua a prestar muita assistência política e humanitária às suas ex-colónias.
O Império Pentagonal, como se chamava as antigas colónias francesas, falhou a transição para uma Commonwealth francesa, mas podia-se facilmente ter realizado este plano noutros países, principalmente o nosso, não fosse o carácter opaco e conservador do regime de Salazar, e o reaccionarismo e radicalismo dos políticos que trataram da descolonização, um dos processos mais vitais da história dos países luso-africanos, que foi feita da forma mais anti-democrática possível (mas isto será outra discussão).
No entanto, estes países, Chade, Senegal, Argélia, etc., ainda vêm a França como um pilar de estabilidade e um garante de estabilidade nas suas democracias. Não considero anti-democrática a reacção francesa. Todos nós, principalmente os que estudam e pesquisam sobre os assuntos da África moderna, sabem muito bem dos atentados à integridade humana e à liberdade que se fazem nesses países, em altura de guerra civil.
A presença da ONU quer-se para quando existem duas partes da contenda que não podem ser parcialmente preferidas por qualquer nação amiga ou aliada.
A intervenção francesa vem defender os interesses do povo de Chade, e criar possibilidades para que o diálogo entre facções decorra de forma civilizada. Não vejo aqui nenhum atentado há soberania.
Já faz falta uma maior aproximação entre Portugal e a Guiné-Bissau. O actual estado de desordem política, os ressentimentos que ainda existem de lado a lado, deviam acabar, e permitir uma maior colaboração do nosso país à democratização da Guiné.
Entre essas medidas, uma delas devia ser a revitalização da figura Amílcar Cabral, umas das figuras intelectuais mais fascinantes alguma vez saídas de uma faculdade portuguesa.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
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3 comentários:
as fontes das duas primeiras frases encontram-se no diário digital.
Tens toda a razão sobre Amílcar Cabral, Manel.
Como li algures num livro há uns tempos, Amílcar Cabral foi um Che Guevara mais instruído, inteligente e pacífico. Um homem injustamente pouco reconhecido.
Um abraço
claro que é importante que os países ocidentais ajudem. mas são esses mesmos países ocidentais que causam as guerras civis e os ódios entre tribos e etnias diferentes. sinceramente, por vezes nem sei o que pensar.
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