quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Prometi vir deixar a minha opinião sobre o texto do Manel e os comentários que ele suscitou aquando da minha chegada a solo luso. Nomeadamente, os de o recém-chegado João Pedro. Nesse meu breve comentário, dirigi-me primeiro ao Manel e, depois, ao João Pedro.
Vamos então por partes.

Manel,

Quando disse "atenção aos sacos!", referia-me aos sacos, rótulos ou apreciações globais que se fazem das pessoas e das suas ideias. E estas "apreciações globais", muitas vezes, pelo seu carácter pretender ser precisamente global e permanente, resultam em conclusões deturpadas ou mesmo erradas. Passo então a explicitar. Incluíste-me num grupo de pessoas com sendo de Esquerda que alegadamente já reconhecem uma Direita moderna, amante da liberdade, inteligente, racional, etc. São todos adjectivo teus. Atenção: eu nunca disse reconhecer esta Direita. Não que ela não exista; existe, felizmente. Mas, a meu ver, sem esse ênfase tão grande que lhe dás com o uso destes adjectivos. Tal como afirmaste, eu aceito as diferenças. Procuro sempre tentar ouvir, conhecer e compreender outros pontos de vista. E exactamente por isso recuso e distancio-me de sectarismos e dogmas milenares de alguma esquerda. Mas, lamento Manel, essa direita idílica de que falas, escasseia. Primeiro: em Portugal não existe. Pura e simplesmente, não existe. Nem em Partidos, nem em políticos, nem em ideias... em nada. Há uns tempos deixei a minha opinião precisamente sobre a direita portuguesa no Almanaque. Na altura, qualifiquei-a como uma direita presa a "beatices e salazarices". Mantenho isto na íntegra. O porquê está lá. Ora, sendo esta a avaliação que faço da nossa pobre direita portuguesa, rapidamente poderás compreender que ela não é para mim moderna, amante da liberdade ou inteligente. Nem mesmo competente. E com muita pena minha, como também refiro nesse mesmo texto.
Mas como nem tudo são desgraças, reconheco efectivamente uma direita com os pregaminhos de que falas. E aí, aponto imediatamente a direita nórdica. Bem sei que é fácil e previsível esta opinião, mas efectivamente trata-se de uma direita que é de louvar. Uma direita laica, plural, de intervenção estatal, livre de preconceitos e discriminações, prática, eficiente, socialmente preocupada. Como sabes, estive na Finlândia nestes últimos tempos. Tens um welfare state na sua melhor expressão: um Estado solidário e activo. Não vale a pena enumerar o seu modus operandi ou as suas vantagens. São já quase do senso comum. Pena que só mesmo do senso comum e tão distantes de nós. Noutro plano, também alguma direita germânica, inglesa e mesmo americana (Ron Paul, por exemplo) são casos desta direita que aprecio.
Isto tudo para esclarecer uma ideia central: reconheço e congratulo a existência de uma Direita com os atributos de que falas. Mas, infelizmente, a direita em Portugal, e a maioria da Direita dos países democráticos em todo o mundo não tem esses mesmos atributos. De forma alguma. Espanha, Polónia, EUA, França, Itália,... é preciso mais?
Uma última nota: Pinto Balsemão e Sá Carneiro são/eram políticos laicos? Não me parece que isso seja assim tão claro....

João Pedro,

Mais uma vez saúdo a tua vinda ao Há Discussão.
Se andas farto de retórica ou não, isso é um problema teu. Quando comentas um blog, corres o risco de levar com ela. Por isso, avalia primeiro o teu nível de cansaço e só depois pensa em comentar. Não vás levar com uma boa dose dessa arte do bem-falar...
Mas, pior do que isso, é que tu não levaste com retórica nenhuma. Levaste sim com uma resposta inteligente e esforçada. E se alguém fez "copy paste" de alguma coisa, foste tu meu amigo. Porque argumentos desses, tão inflamados e ao mesmo tempo tão vazios, são, de facto, e nas palavras do Manel, conversa de café.
Depois acusaste o Manel de fascista. Bem, aqui não posso esticar-me muito, porque também eu já o fiz. Hoje não o digo. Mas isso não implica que por vezes, a meu ver, o Manel revele algumas das ideias mais mesquinhas da direita.... mas isso são contas de outro rosário. Voltando ao fascista, depois de atirares com este adjectivo ao rapaz, dizes ser impossível a existência da direita de que ele fala. Quanto a isto, já dei a minha opinião mais lá em cima, pelo que é clara a nossa divergência de pontos de vista.
Voltando à questão do fascista, deixa-me dizer-te uma coisa. Como jovem curioso que sou, depois de ver o teu comentário, fui explorar um bocado o teu "perfil". Como aliás faço com quase toda a gente. E qual não é o meu espanto quando, no teu blog de nome "Insubordinar" encontro esta pérola. Se a tua autoridade já era duvidosa para apelidar o Manel de fascista, depois desse brilhante texto, desapareceu por completo. Fica-te mal, deixa-me que te diga. Nem me vou alongar muito sobre o teu escrito. Está lá tudo muito claro: xenofobia, elitismo, racismo e quantos "ismos" deste género quiserem....
Espero voltar a ver-te por aqui, se possível, como já o disse, com mais "substância".

Um abraço

8 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

é verdade noronha, isso é bem patente na nossa realidade...
creio, no entanto, que o cenário vai mudar brevemente. tem-se que lutar contra certos dogmas, certos medos...
mas acho que sim, é urgente tanto uma direita renovada, como uma esquerda também, como eu disse. no meu texto, eu falei desta necessidade a nível europeu. falo também a nível nacional, pelo menos em parte.

quanto ao saco, eu só generalizava no tocante à aceitação de ideias, e ao facto de não se fazer um monstro de 6 olhos de uma ideologia que nos apareça, mas sim de se fazer uma abordagem metódica e racional... que é o meu objectivo para o blogue, aliás sempre foi, basta ler o 1º e o 2º post, editados no ano passado.
recentemente mandei um convite até a um outro aluno da faculdade, do primeiro ano, o joão brito e faro, também um homem de direita, com uma concepção política diferente da minha, e uma ideologia monarquista (bem) mais arreigada que a minha, e estou ansioso que ele aceite e que todos possamos discutir novas temáticas, sob mais variados pontos de vista, muitos dos quais eu discordo totalmente com ele, e outros lá vou dizendo que sim, talvez.
abraço

João Pedro disse...

Mas será que aqui eu sou obrigado a comentar dentro de certos padrões ou posso escrever o que me apetece? Não posso fazer comentários aqui na onda das conversas de café? São assim tão elitistas vocês? Não se dão com "classes" inferiores é isso?

Quanto ao facto de eu falar de retóricas ao "de Rezende" o mal dele foi não saber ler! Bastava ler o meu comentário atentamente e também prestar mais atenção ao que escreveu (erros que até tu reparaste) para eu ter continuado com argumentação válida.

Quanto ao facto de lhe ter chamado "fascizóide" é cá entre mim e ele e não me parece que ele precise de guarda costas, para além que como vocês são de letras devem ter um filtro na retina e não vêem os smiles!

Em relação à minha autoridade para lhe chamar isso ou o que me apetecer cabe-me a mim decidir tendo em conta que vivo num país livre graças à esquerda mirrada "saco" com o qual até nem me identifico.

Quanto à "Pérola" no meu blog podes continuar a procurar que deves encontrar lá mais! Agora como tu não me conheces de lado nenhum nem sabes nada sobre mim... vou rotular esse teu comentário ao meu blog de um outro "ismo" o dum certo teu "bezerrismo".

Cresce rapaz e vê se controlas essas hormonas!

Francisco disse...

João Pedro,

Que bom ter-te de volta. Infelizmente, mais uma vez, sem muita substância. Mas como não sou elitista, por muito que o tentes fazer querer, vou dar resposta à tua "conversa de café". Repara que o termo não foi por mim utilizado, o que não implica que não com ele corrobore. Deixa-me esclarecer-te: aqui, como assim deve ser em qualquer lugar, podes escrever o que te apetecer, da forma que te apetecer, sobre o que te apetecer. Trata-se somente de uma questão de interesse e... substância. Desculpa insistir no termo mas ele é premente para aqui. De facto, não tens que escrever sob nenhum padrão. Mas se for teu objectivo comentar, criticar, elogiar, satirizar, insultar (até mesmo este), enfim, discutir, é mais profícuo que o faças com mais qualquer coisa do que duas ou três tiradas fáceis e inflamadas. E porquê? Tão-somente para que sejas levado a sério e para que contribuas para um vivo e relevante debate de ideias. Só isto. Mas se quiseres deixar aqui umas bojardas ou até insultar pura e simplesmente alguém (para a próxima tenta algo que não "putos", é fraco esse), tudo bem! Não me oponho de forma alguma a essa opção. Corres o risco é de ninguém te levar a sério e seres ignorado...

Quanto ao Manel, concordo contigo quando dizes que o rapaz não precisa de um guarda-costas. Não precisa mesmo! Até porque eu sou bem mais baixo que ele, pelo que era um pouco absurdo armar zaragata em sua defesa. Ele tem bons ombros para isso.
Todavia, permite-me a minha liberdade: saio em defesa de alguém quando bem me apetecer. Se o indivíduo em causa precisa ou não desse back up, pouco me importa. Se entender que o devo fazer, faço-o. Por isso, João Pedro, sempre que achar que um teu comentário a um texto de um autor cá do sítio mereça o meu ataque, assim o farei. Solidariedade a rodos, como podes ver. :)
Quanto ao sentido de humor... bem, o pessoal de letras, deixa-me que te diga, até é bem-humorado. Nomeadamente o supracitado Manel, que leva o seu bom-humor ao extremo no blog Secas & Secas. Dá uma vista de olhos. Vais ver como o "pessoal de letras" até tem a sua piada.

O conceito de "bezerrismo" é muito interessante. É uma religião, uma filosofia, um life style? O que é? Será que vem de "bezerro"? Hm... Já agora, depois de me esclareceres, gostava que me explicasses a relação do termo com o teu post em que, qual amante da liberdade, te insubordinas (ou não tivesses tu um blog chamado Insubordinante) de uma forma abjecta contra os ciganos. Se possível, gostaria também de conhecer o teu ponto de vista sobre esta comunidade. Mas sem shoppings à mistura.

Quantos às hormonas e ao crescimento, lamento dizer-te, mas é impossível crescer e controlar as hormonas ao mesmo tempo. Ou sim ou sopas. Peço-te pois que te decidas e me comuniques a tua decisão. Posteriormente, reflectirei sobre a questão.

Um abraço

João Pedro disse...

Podes reflectir à vontade: Cresces em inteligência e controlas as hormonas no que diz respeito a acalmares os teus ímpetos!

Em relação ao resto, eu não conhecia o vosso belo blog a fundo, mas tal não faz com que o que se responda às postas tenha de ser para "ser levado a sério e para contribuir para um vivo e relevante debate de ideias". Posso mandar as tais bojardas só porque isso me irá, ou não, fazer feliz! E vocês poderão ou não ignorar-me, o que será completamente indiferente à minha pessoa! A partir do momento que têm um espaço livre e aberto à comunidade (blog) estão sujeitos a levar com tudo.

Depois se ficam nervosos ou não é lá com vocês!

Em relação a ciganos, pretos, brancos, amarelos, fascistas, comunistas, americanos, chineses, marroquinos, portistas, benfiquistas, homossexuais, altos, baixos, magros, gordos, ou outra coisa qualquer, o que me interessa a mim é aquilo que eu sinto ou não, não são as piadas ou bojardas que digo. Coitadinhos dos que fazem humor negro... são uns mauzões!

Para finalizar e uma vez que só mandei umas bojardas para o ar "correndo o risco de ser ignorado e que ninguém me levasse a sério", ter tido um destaque destes, com publicidade ao meu blog e tudo é obra. Imagino o que seria escrever com a tal substância... escreviam um livro não?

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

no meio disto tudo, o blog com menos visitas continua a ser o meu... quem goza a magotes é aqui o joão pedro, foi linkado e tudo...

vou agora ao blog do arkl chamar-lhe fascizóide sonhador, a julgar pela receita, amanha tenho um milhão de visitas.

;D (o smile propiciamente colocado para todos os que, não sendo de letras, não têm um deslocamento de retina)

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

onde está escrito arkl, quis-se dizer markl*

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

Áh, e não é um deslocamento, é um filtro.
pronto, já perdi a piada toda...

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

porra, um filtro na retina deve doer como tudo... só reparei neste filtro retinal após a ingressão na faculdade.