terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Tratamento policial

Este fim-de-semana sentei-me a desfrutar do quentinho da lareira e vi o filme “Tropa de elite”, que me deixou perturbada por algumas horas. Isto porque o filme consegue deixar um dilema bastante interessante.

Para quem não sabe, o filme versa sobre o BOPE ou Batalhão das Operações Policiais Especiais, que é uma força da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Esta força especial intervêm ao nível das favelas do Rio de Janeiro e tem por característica o facto de ser incorruptível e de agir com extrema violência, isto é, entra a matar e usa a tortura para obter confissões.

A própria forma como a polícia é treinada remete para a extrema violência, para a humilhação e dor psicológica, além de muita dor física.

Daqui que se conclui que os métodos são tudo menos ortodoxos. Mas o tráfico de droga com toda a sua envolvência que se verifica nas favelas, também não é ortodoxo. Ele vitimiza crianças, tira-as da rua e inicia-as num ciclo vicioso de morte, vício e pobreza mental. Isto é, será que este enorme flagelo social justifica que se matem os principais traficantes, aniquilando o tráfico pela raiz? Ou por outro lado, ao invés de usar a força seria mais eficaz continuar a tentar educar os mais novos, afastando-os da vida das drogas e do dinheiro fácil? Torna-se de facto difícil ponderar o que é melhor. Por um lado, é óbvio que a violência é cruel e não deve ser usado em nenhuma circunstância, até porque todos têm direito à redenção e matar um criminoso é tirar-lhe a oportunidade de ele admitir que errou e corrigir a sua vida. Humanamente, uma polícia que tortura para obter confissões e provas, viola os Direito humanos e estes são absolutos. Mas por outro lado, haverá algo de humano num tráfico que usa crianças como carteiros e as vicia desde pequenas para o perpetuarem?

Dificilmente de outra forma o tráfico é combatido, aliás, de outra forma, só mesmo legalizando as drogas, o que não parece uma medida que vá ser tomada.

Era interessante que mais alguns de vocês vissem o filme e partilhassem opinião. Isto porque me parece interessante discutir o assunto. Embora esteja mais pendente para o lado de que esta força é absolutamente brutal e desnecessária, porque viola os Direitos Humanos fundamentais e trata com violência a violência, desencadeando ainda mais ódio que pode levar ao incremento do tráfico, embora possa também ser o método mais eficaz, por vezes também acho que ela é necessária neste caso fundamental, pois caso contrário a polícia que age de forma normal não tem poder para alterar nada, sendo vítima de tiroteios e deixando-se levar pela corrupção.

3 comentários:

Francisco disse...

Podes emprestar-me o filme?

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

a questão que tu pões é pertinente daniela.
acho que definir certo e errado é muito redutor.
digamos que ambas as opções, o investimento numa força policial altamente treinada ou na educação e no esforço social têm os seus prós e contras. a primeira opção tem prós a curto prazo, e contras a longo.
a segunda, contras a curto prazo, e muitos prós a longo.

ps: mudei uma definição de comentários, tornando possível aos visitantes sem conta no blogger poderem comentar anónimamente ou com alcunha.
foi um pouco precipitado, mas se houver alguém que não cncorde muda-se right away.
fiquem bem

D. disse...

hum... o filme também me foi emprestado e já o entreguei :/