terça-feira, 30 de setembro de 2008
Apresento certos dados estatísticos e falo-vos da abstenção, o todo poderoso obstáculo, o inimigo público, número um das democracias.
Aponto, por ordem cronológica, as Legislativas de 1999 (1); as autárquicas de 2001 (2); as Presidenciais de 2001 (3); as Legislativas de 2002 (4); as Legislativas de 2005 (5); as autárquicas de 2005 (6); as Presidenciais de 2006 (7); o Referendo de 2007 (8).
1- 38%(mau); 2- 40%(pior); 3-49%(.....); 4- 38%(melhor); 5-35%(fico mais feliz); 6- 39% (voltou a piorar); 7- 38%(menos mal); 8-57% (só me vêm palavrões). Estas são as percentagens de cidadãos inscritos não votantes, de cidadaõs que conscientes dos seus deveres e direitos (então de direitos acérrimos defensores!),preferem não levantar o rabo (perdão pela palavra usada) do sofá para decidir o futuro do seu país, região, seja o que for, etc. Cidadãos que preferem criticar o famoso e gasto "estado das coisas" a fazer um mínimo esforço por mudá-las, por lutar por uma boa e melhor situação. Bem sei que estatísticas de nada servem e que são elas uma das três formas de se não dizer a verdade como disse Keynes (penso não estar errado no autor), mas para este importante aspecto anti democratico parecem me salutares.
Ou seja, estes mal fadados portugueses, vítimas das más opções (indiscutíveis) dos seus representantes por si eleitos, simplesmente preferem o pior caminho de todos.... a preguiça (sexto pecado capital).
A meu ver, não tenho outra forma de definir tal acção ( aqui inacção) com palavras que não cobardia, inconsciência e muitos vitupérios que de bom grado lançaria.
Pois eu acrescento vos mais, aquilo que eu entendo destes cidadãos abstencionistas (para alguns o novo poder): que não são, precisamente, cidadãos.
" É cidadão aquele que, no país em que vive, é admitido na jurisdição e na deliberação... Segundo a nossa definição, o problema é simples. Se participam no poder político, são cidadãos." Tais dóceis e deveras educativas palavras pertencem a Aristóteles. Claro que para aqui as usar tenho que considerar o evolucionismo secular entretanto volvido, mas penso que não o insulto a ele, em primeiro lugar, nem que cometo um erro tão grave que justificasse a não inscrição aqui destas palavras. Pois bem, a questão é esta mesma. Estes indivíduos, já despromovidos, não devem ser, efectivamente considerados cidadãos.
Exemplifico o caso português com uma pérola, vinda directamente do líder da bancada laranjinha: "o psd terá uma posição de abstenção construtiva"; contextualizando isto na votação na generalidade do novo código de trabalho. Eu o que me pergunto, e a vós também, é que vergonha é esta?! Então o maior partido da oposição não vota e diz que ainda é construtiva a abstenção! Só espero não os ver a apelar ao voto no proximo acto eleitoral.
É verdade, estes também não são cidadãos.
Mas permito me ainda adicionar uns mais pontos que me suscitam particular interesse:
1) Até que ponto se justifica a regionalização nos seus moldes actuais
2) Qual o papel que o referendo deve ter nas democracias actuais, de individuos abstencionistas
3) Porque motivo recorrem certas vezes os líderes político- estaduais ao referendo - a meu ver, não se trata de quererem uma democracia "mais exigente", mas sim uma questão de medo e de descompromisso pessoal.
últimos ensaios sobre o pânico e o medo induzido às massas
Nova Vaga
Abraço a todos
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Complexo de prepotência
Pior que criticar a prepotência dos outros, é adoptar a mesma atitude, achando que podemos decidir quem é o novo senhor prepotente americano. Sim, refiro-me ao futuro presidente estadunidense.
Não vejo outra opinião, impressa ou electrónica, considerando apenas o espaço europeu, que contrarie este facto: Nós sabemos quem é melhor para vocês! Nós é que sabemos! Mais do que isso até, nós é que vamos decidir com quem queremos lidar daqui para a frente nas relações internacionais!
De facto, os opinistas de plantão europeus, e em especial os nacionais, não dizem outra coisa quando analisam os dois candidatos á casa branca, que não seja a sua decisão do melhor futuro presidente norte americano. Pior de tudo, é que estes comentários e textos de opinião, regra geral da dita esquerda moderna (que tanto está na berra e eu não sei o que seja), aquela mesma que não se abstém de duras críticas á acção imperialista norte americana nas ultimas décadas; aquela que os culpa de toda a crise que hoje atravessamos e não é capaz de reconhecer a sua quota parte; aquela que se diz democrática mas se acha no direito de poder decidir quem é o melhor digno sucessor de Bush.
Digno? sim, claro. Meus caros, queiramos ou não, o novo presidente vai acima de tudo defender os interesses capitalistas e mesmo imperialistas dos norte americanos, não vai andar preocupado com a nossa posição nas relações internacionais (nossa posição, aqui, diga-se europeia).
Saber quem quer saúde para os americanos ou não, saber quem é pro aborto ou não, saber quem ama Darwin ou não, saber quem vê a Russia do Alasca ou não, saber qual é o candidato de esquerda ou de direita, são análises que a nós, portugueses e a todos europeus não devem, não podem interessar. O que é mister para nós, é perceber quem dá mais preponderância á acção dos estados europeus em particular e da UE nas relações internacionais, num contexto interrelacional cada vez com mais parceiros, da optica económica, monstruosamente mais fortes que nós.
Mas só nos deve interessar, não pode nunca levar a dizer quem queremos como chefe de um Estado que não é o nosso... é complexo de prepotência.
JPP e o Grande Medo Liberal
sábado, 27 de setembro de 2008
Estes Bons Otomanos
A História oferece-nos optimos campos experimentais, laboratórios completíssimos para físicos, químicos, médicos malditos, filósofos e políticos. Nesta óptica de ideias a Nação turca representa um excelente osciloscópio. Resistiu à cisão romana; bastião do Império Bizantino (que viria a cair aos pés dos turcos otomanos); e pedra preciosa do Império Otomano. Ofereceu a basílica de Santa Sofia ao deus cristão e remodelou-a (os quatro minaretes foram então inseridos) num ósculo islâmico. Após o termo do Império Otomano surge a República da Turquia. Todavia, os turcos não se entregaram à monotonia, fabricaram um regime autoritário, sobreviveram a várias revoluções e, actualmente, erguem-se de uma forma salutar e irrepreensível.
A Turquia é um Estado dinâmico, empenhado no desenvolvimento económico e, por isso, surpreendentemente produtivo (exportou, por exemplo, para a Rússia no ano anterior bens no valor de 27 milhões de dólares), e domina a diplomacia de uma forma exemplar (estabelece boas relações com a Rússia, Estados Unidos, Geórgia, Israel). Tayyip Erdogan, primeiro-ministro turco, operou progressos significativos no reconhecimento de Direitos Fundamentais a que a Nação permanecia alheia; e da sua luta, assumidamente pró-europeia, resulta uma Turquia capaz de despertar a cobiça da União Europeia (e de muitas multinacionais, que se acotovelam para conquistar a sua quota de mercado), cada vez mais sedutora e difícil de resistir, aliás, resistir seria uma péssima escolha. Se dúvidas houvessem quanto à sua legitimidade, a deliberação do Tribunal Constitucional turco (não exonerou Erdogan), tal como o apoio da maioria da população, incluindo os empresários mais empreendedores (Associação dos Empresários e Homens de Negócios Turcos), não deixariam margem para suspeições.
Contudo, o bom trabalho de Erdogan encontra muitíssimos entraves no plano interno. O chefe do executivo pertence ao AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), e não fosse a matriz islâmica do partido, sem dúvida seria transportado numa liteira de ouro. Ora, o governo a certa altura da trama decide retirar a proibição do uso do véu, TRAGÉDIA!, os laicos sentiram a sua pureza maculada! Inverte-se o sentido da corrente e não mais param de chover acusações: o AKP, qual demónio, tenta islamizar o bom povo turco, porca miséria!
Tais acusações merecem uma demorada reflexão, bem à medida da sua complexidade, pois, o epíteto LAICIDADE não legitima resoluções extremistas. O radicalismo laico é tão pernicioso quanto o extremismo religioso. Seguindo as directivas dos nobres laicos turcos (a elite) correríamos o risco de desculturar a Nação turca, ou seja, destruir esta Nação, e convenhamos, um Estado sem Nação não é um Estado, é quanto muito, uma cooperativa de indivíduos previamente esterilizados. Será o uso do véu um atentado assim tão grave? Se o é então acabemos também com o juramento dos presidentes e réus nos Estados Unidos (mão sobre a Bíblia); acabemos com o perigosíssimo “God save the Queen”; e, já que estamos para trabalhar, sigamos os ensinamentos orleanistas e queimemos todas as igrejas, mesquitas, e sinagogas!
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
já se falou de regulações por aqui?
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Porque fala Lula?
Tal afirmação vem do pouco eloquente, nada académico, pouco instruído, mas sempre populista Lula da Silva. Vários são os motivos por que poderíamos criticar este chefe de Estado, mas certamente que a frontalidade e o jeito simples constituem suas virtudes. As largas e duras críticas podem esperar.
Isto tudo tem uma pequena intenção, e aqui procuro transpo-la para o caso português. Ao passo que Sócrates, líder bem dotado de oratória e com avançados estudos académicos (?)prefere optar por não discutir o tema do Casamento gay, proposto pelo PEV e Bloco, já que não se inclui no programa, Lula não deixa de se manifestar. E fá-lo nas palavras transcritas, sem medos por razões eleitorais, culturais, etc, nem qualquer hipocrisia argumentativamente justificativa.
Onde está a obediência de Sócrates quanto ás suas promessas eleitorais de pré-campanha de 2005?
Coerência, respeito e vergonha fazem-lhe falta.
Ou será que é caso para nos questionarmos porque fala Lula fora do programa?
terça-feira, 23 de setembro de 2008
O Regresso de Jedi
Há muito tempo que a Polónia não vivia um Verão tão quente, tão quente que causou um notório eczema por toda a União Europeia. Em cima da mesa está o projecto de defesa norte-americano Star Wars (George Bush, não Lucas) que pretende a instalação de uma bateria anti-míssil (10 mísseis interceptores) na Polónia e um radar de ponta na República Checa, encerrando a, há muito almejada, rede balística dos Estados Unidos (Alasca, Califórnia, Grã-Bretanha e Gronelândia, actualmente). Ora, até aqui tudo muito bem, um belo sistema defensivo (sublinhe-se defensivo) que protegerá não só a Terra dos Sonhos (custeado inteiramente por esta) mas também a Europa (excluindo metade da península apenina). Todavia, há que escalpelizar o assunto com mais afinco: existe um Estado de nome Rússia, e esse Estado não acha muita piada à possibilidade de ter uma bateria antiaérea voltada Moscovo, capaz de interceptar qualquer míssil, até os mais sofisticados; a própria localização do engenho é-lhes um pouco aziaga (fronteira com a Ucrânia que, como lembrava numa crónica o embaixador José Cutileiro, é o berço da Nação russa). Bem, mas chega de falar da intrincada psique russa, tão repleta de neuroses, bem ao jeito das personagens de Dostoiévski.
Lembremos que a negociação foi bilateral, nenhum Estado europeu, nem mesmo os que possuem assento na NATO, teve voto na matéria. Logo aqui surgem algumas dúvidas relativas à estrutura da União Europeia, lançando a discussão das modificações que lhe deverão ser induzidas rapidamente (note-se que, após o Não irlandês, a Polónia foi o primeiro Estado a abandonar o Tratado de Lisboa). Contudo, o assunto não encerra aqui, e o Direito Internacional pede a palavra: o tratado INF (Tratado sobre a eliminação dos mísseis de alcance intermédio) que vigora desde 1991 poderá ser um entrave; o Tratado AMB (anti-mísseis balísticos) foi abandonado oportunamente pela administração Bush.
O braço de ferro Santa Mãe Rússia/Abençoados Estados Unidos da América encontra-se em igualdade pontual (Kosovo e Geórgia), e o despique promete ser vagaroso, porém, de uma coisa podemos estar certos, vodka e marshmallows são uma combinação pouco saudável.
sábado, 20 de setembro de 2008
vamos estudar o artigo 43º?
“Qualquer que seja o modo como se encare a filosofia comunista, a verdade é que devem ser-lhe creditadas realizações positivas na economia: uma acentuada melhoria dos métodos agrícolas e do rendimento do solo, expansão considerável da industrialização; introdução da planificação que tem, pelo menos, a vantagem de evitar a superprodução”
de facto, nem se percebe muito bem porque é que a coisa correu mal.
E, claro, o Maoísmo não é mais do que "uma longa luta revolucionária apoiada, sobretudo, pelos camponeses"
e McCarthy foi tão mau, ou pior, que Estaline:
“Se, na URSS, a acção de Estaline provocou milhares de mortos e a deportação de milhões de pessoas para campos de trabalho forçado na Sibéria, nos EUA a perseguição ao suspeitos de simpatizarem com o comunismo e de promoverem actividades antiamericanas transformou-se numa verdadeira “caça às bruxas” que ficou conhecida por maccarthismo.”
De facto, é impressionante o facto de só terem ardido bruxas na URSS...
e viva Fidel, que foi uma vítima das circunstâncias:
“A princípio tratava-se de uma revolução democrática e nacional. A opção socialista só foi tomada após o bloqueio económico imposto pelos EUA a Cuba. Fidel Castro aproximou-se então, estrategicamente, da URSS e do modelo socialista soviético. O socialismo cubano apostou, sobretudo, no desenvolvimento agrícola e nos domínios da saúde e do ensino, sectores onde atingiu bons resultados. Actualmente, Fidel Castro continua a ser o dirigente de Cuba. O país atravessa sérias dificuldades devido à continuação do bloqueio e tenta ultrapassá-lo através de uma aproximação à Europa.”
Caros senhores, agora a sério, têm mesmo a certeza que esta educação não segue "directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas?"
para ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, na Voz Portalegrense, que um dia destes ainda é encerrada...
PS: já agora, deixem-me acrescentar mais uma última pérola:
“As novas tecnologias nos domínios do tratamento da informação e da comunicação aceleram a mundialização da economia e promovem a globalização: ‘O mundo converteu-se num vasto casino, onde as mesas de jogo estão repartidas em todas as longitudes e latitudes’ (Maurice Aliais).” Caminhos da História, ASA, volume III
terça-feira, 16 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Berlusconi al dente
· Art 157º nº3 – “nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime doloso a que corresponda a pena de prisão referida no número anterior e em flagrante delito”.
· Art. 196º nº1 – “nenhum membro do governo pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime doloso a que corresponda a pena de prisão referida no número anterior e em flagrante delito”.
· Art. 196º nº4 – “por crimes estranhos ao exercício das suas funções o Presidente da República responde depois de findo o mandato perante os tribunais comuns”.
Posto isto, não parece assim tão insultuosa a tal ininputabilidade, todavia, a vontade de apelidar fascista o primeiro-ministro italiano tornou-se crónica.
Recentemente, Berlusconi foi também protagonista de uma proposta de lei absolutamente descabida e xenófoba que espantou todo o espectro político. Esta visava a criação de uma base de dados, de onde constariam as impressões digitais de todos os ciganos residentes em Itália. Ora, como se já não bastasse verem os seus acampamentos incendiados, os seus pertences pilhados, sofrerem espancamentos bárbaros, ainda têm de se sujeitar à humilhação de se deixarem catalogar por um governo que nunca intentou ajudá-los nestes incidentes.
Notemos, por fim, a artificialidade das duríssimas críticas que lhe têm sido dirigidas em relação às restrições na entrada de imigrantes em território Italiano, uma vez que estas em pouco diferem das adoptadas por Zapatero (socialista), Sarkozy, e Angela Merkl, aliás, em paridade harmónica com as actuais directivas comunitárias.
Nota: Não concordo com o endurecimento das medidas restritivas à imigração.
domingo, 14 de setembro de 2008
ai que bom, ai-que-bom-ai-que-bom-ai-que-bom
A ideia do nosso Glorioso Primeiro-Ministro (que é injustamente apelidado de ignorante acéfalo e hipócrita rançoso pelo capitalista autor deste blogue) em assinalar com o seu importante cunho de Chefe de Executivo da República Portuguesa este investimento privado (pensámos nós) foi de não deixar passar ao lado esta oportunidade de mostrar aos portugueses (que precisam de perceber que tudo o que o Governo faz é para o bem deles e que eles vão merecendo se se portarem bem) como tem vindo a progredir o investimento neste país.
Alguns grupos de associações de reaccionários criticam esta nobre iniciativa dizendo que o Primeiro-Ministro expõe-se de forma indigna para o cargo que desempenha, principalmente os ditos liberais, que são justamente acusados pelos nossos camaradas de ter definições muito próprias de liberalismo, pois toda a gente sabe que o liberalismo é uma prática reaccionária que intende ferir os direitos atingidos pela classe trabalhadora, que agora rege este saudável país, e pretende permitir aos patrões dominar, para todo o sempre, a vida sexual dos seus empregados. Entre outras coisas.
O Casino de Chaves irá atrair a nata do turismo espanhol vindo da Galiza, e enriquecerá a cidade de forma tão exponencial que se crê que, em 2015, todos os habitantes de Chaves vão usufruir do uso de aviões Setna atribuídos pela enriquecida autarquia para circular pela estrada e pelos ares à volta de Chaves. Tal será o progresso trazido pelo Casino, que fontes estatísticas do Nosso Glorioso Partido afirmam que a cidade mudará de nome, e passar-se-à a chamar Socratópolis. Com toda a Justiça, digamos. Viva o nosso Primeiro-Ministro, Viva o Partido, viva o Socialismo! Morra o Presidente reaccionário e metam-se os criminosos fascistas no Campo Alegre!
também publicado aqui
O bom marxista, peronista, bolivarista, guevarista, e o diabo a sete
Ninguém duvida que Hugo Chávez é uma pessoa de bem, alguém verdadeiramente empenhado na democracia venezuelana. Se ainda sobrarem algumas almas reticente façam o favor de atentar ao seguinte trecho de um dos seus acicatados discursos: “Hay que ser radicales... Porque tenemos que ir a nuestras propias raíces, radicales. Esa palabra la han satanizado: “…este es un radical”, y la han asimilado como el “loco”, no, no, radical no es loco, yo soy un radical, radical, vamos a ser radicales, radicales en nuestros principios, bien enraizados, de ahí viene la palabra, de la raíz: radical, ¡radicalmente revolucionario! ¡Radicalmente humanista! ¡Radicalmente patriotas, de la Patria grande! ¡Radicalmente comprometidos con la vida y con los pueblos!, ¡cada día más radicale!”. Palavras peculiares, humanista e preocupado com a vida e com os povos, bem, analisemos tal humanismo.
Hugo Chávez, auto-intitulado herdeiro de Bolívar, marxista, peronista, afilhado de Castro e possuidor de um incontestável mau gosto para camisas. Do padrinho herdou a apetência para discursos intermináveis, uma oitava acima deste por sinal, cadenciados pelos seus soldadinhos de chumbo socialistas favoritos. Actualmente no segundo mandato, Chávez tem arquitectado a sua política em torno das colossais jazidas de petróleo que possui, o que se tem revelado desastroso! Para além da inflação ser elevadíssima (30% ao ano; dados oficiais, 10% ao ano), nenhum empresário empreendedor com o mínimo de bom senso quer investir na Venezuela com receio, mais do que justificado, de no dia seguinte acordar debaixo da ponte. Dito isto, as empresas lucrativas correm em debandada do país, ficam aquelas que não dispõem de condições para sair, e estas provavelmente serão nacionalizadas num futuro próximo, tal como foi, cirurgicamente, nacionalizado um canal televisivo conflituante com o regime.
Há custa de subsídios vai conquistando o gáudio das camadas mais baixas da sociedade (bem ao jeito de Lula, de quem nem é grande compincha), mas nem assim obteve a aprovação popular no referendo que pretendia alterar quase todos os artigos da actual constituição (esta entrou em vigor no seu primeiro mandato). Falando em referendos, não nos esqueçamos das perseguições por parte de milícias paramilitares a estudantes de Direito que discordavam das boas intenções da revisão constitucional de El Comandante; lembremos os jornalistas perseguidos, e a lista Tascón (opositores perseguidos por assinarem uma petição de referendo para demitir o Senhor Presidente). Porém, o herdeiro de Bolívar é um homem honesto que, apesar do habitual chorrilho de grosserias (“Mr. Danger”; “El diablo”; “yankees de mierda”), sente-se terrivelmente ofendido quando, APÓS INSULTAR Juan Carlos, este o manda calar.
Findemos com um merecido elogio, Chávez é generoso, por uns quantos bacalhaus juntamente com a receita da especialidade à Zé do Pito, aceitou enviar-nos uma dúzia garrafões de petróleo.
sábado, 13 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Convite
A terra que Moisés não quereria
Abafado, momentaneamente, este assunto delicado da ordem do dia israelita devido a uma recente vaga de infanticídios, Olmert pode recobrar o fôlego, nem que seja a custa de criancinhas afogadas pelos pais. Todavia, o actual primeiro-ministro há muito perdeu a serenidade à medida que as suas declarações caíam em saco-roto e os holofotes se voltavam para a sua ministra dos negócios estrangeiros, Tzipi Livni. Perante uma judia loira, de olhos azuis, e apoiada interna e externamente, Olmert bem tem de se conformar.
Veremos, então, se Tzipi Livni alcançara o poder, se tem coragem política para revitalizar Israel, coragem essa que será necessária se pretender atenuar a componente bélica da Terra Prometida; também se poderá dar o caso de não passar de mais uma burocrata, uma oportunista empenhada em enriquecer (a título de exemplo Ehud Barak, Benjamin Netanyahu e Olmert).