segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Complexo de prepotência


Pior que criticar a prepotência dos outros, é adoptar a mesma atitude, achando que podemos decidir quem é o novo senhor prepotente americano. Sim, refiro-me ao futuro presidente estadunidense.

Não vejo outra opinião, impressa ou electrónica, considerando apenas o espaço europeu, que contrarie este facto: Nós sabemos quem é melhor para vocês! Nós é que sabemos! Mais do que isso até, nós é que vamos decidir com quem queremos lidar daqui para a frente nas relações internacionais!

De facto, os opinistas de plantão europeus, e em especial os nacionais, não dizem outra coisa quando analisam os dois candidatos á casa branca, que não seja a sua decisão do melhor futuro presidente norte americano. Pior de tudo, é que estes comentários e textos de opinião, regra geral da dita esquerda moderna (que tanto está na berra e eu não sei o que seja), aquela mesma que não se abstém de duras críticas á acção imperialista norte americana nas ultimas décadas; aquela que os culpa de toda a crise que hoje atravessamos e não é capaz de reconhecer a sua quota parte; aquela que se diz democrática mas se acha no direito de poder decidir quem é o melhor digno sucessor de Bush.

Digno? sim, claro. Meus caros, queiramos ou não, o novo presidente vai acima de tudo defender os interesses capitalistas e mesmo imperialistas dos norte americanos, não vai andar preocupado com a nossa posição nas relações internacionais (nossa posição, aqui, diga-se europeia).

Saber quem quer saúde para os americanos ou não, saber quem é pro aborto ou não, saber quem ama Darwin ou não, saber quem vê a Russia do Alasca ou não, saber qual é o candidato de esquerda ou de direita, são análises que a nós, portugueses e a todos europeus não devem, não podem interessar. O que é mister para nós, é perceber quem dá mais preponderância á acção dos estados europeus em particular e da UE nas relações internacionais, num contexto interrelacional cada vez com mais parceiros, da optica económica, monstruosamente mais fortes que nós.

Mas só nos deve interessar, não pode nunca levar a dizer quem queremos como chefe de um Estado que não é o nosso... é complexo de prepotência.

3 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

até os tipos do CDS estão totalmente Obamaníacos.

D. disse...

Enquanto pessoas que directamente sofrem com as acções dos presidentes dos estados unidos, acho que faz total sentido pensar quem queremos para próximo presidente. por mais que custe, a verdade é que o presidente dos estados unidos, consegue sempre ter um poder acima de todos os outros chefes de estado, o que sendo errado, pode pelo menos ser atenuado, se for alguém menos extremo que Bush, a suceder-lhe.
quanto ao facto de o novo presidente ser de esquerda ou de direita, acho que essa questão se prende apenas com o facto natural de cada um querer ver o seu lado da balança ganhar mais peso a nível mundial.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

porque é que é errado o chefe de estado dos eua ser mais poderoso que os outros todos?
não é verdade que cada país tem o chefe de estado que merece, muitas vezes os países não merecem os chefes de estado que têm, ou vice-versa. o presidente dos eua é o mais poderoso porque os esforços do seu povo construiram um país poderoso. a américa foi construída por americanos, não pela santa providência.
é a grande potência que rege o mundo agora, é o princeps desta república de nações que é o mundo, com ou sem ONU.
eu apoio o ponto de vista do pedro. a única diferença entre mccain e obama parece ser interna, e o modo como os americanos se regem é lá com eles.
a bem do mundo, no entanto, eu espero que esse líder siga a constituição do povo americano, e se submeta às suas seculares instituições republicanas, em vez de usar os seu poder e até carisma para levar os seus projectos avante. mais do que um homem que muda, os eua precisam de um homem que os ponha "back on tracks"