terça-feira, 24 de junho de 2008

As lágrimas de Cícero (idem)

A propósito da Escola económica de Chicaco e da sua "Teoria da Regulação" (com base em trabalhos de Stigler e Posner):

No entanto, os reguladores devem também ter em conta as preferências dos cidadãos, pois sendo políticos, o seu objectivo é a reeleição e, nesse caso, uma vez que o favorecimento dos produtores aumenta os preços dos bens, esse objectivo poderá não ser atingido por falta de apoio político. Então o problema político dos reguladores é o de realizarem a regulação eficiente.
Segundo Peltzman (1976) isso quer dizer que os preços apenas podem ser aumentados (em benefício das indústrias) até ao ponto em que os ganhos por unidade monetária de aumento do preço compensam exactamente os votos perdidos dos consumidores descontentes, que a partir de determinado grau começam a ter informação sobre as perdas.


in Dialécticas da Escolha Colectiva, José Neves Cruz

Esta construção teórica, só como ideia, é assustadora. Agora estar passada para escrito, ser cientificada e minuciosamente explanada é, no mínimo, tenebroso.
Repito o que disse num post meu há uns dias: isto não é democracia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Diria que é a democracia manietada pelo poder económico o que, afinal, resvala numa forma degenerada de democracia. Ou seja, deixa de haver democracia.

Qual a forma degenerada? talvez plutocracia.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

sabes o que é que me lembra?
o príncipe... do nick maquiavel. só que actualizado. hoje em dia, a economia política torna-se mais e mais parecida com um manual do político...

D. disse...

é economia. e quando economia se mistura com política, efectivamente apenas contam os resultados. daí exaltarem-se economias emergentes graças a trabalho escravo ou presidentes que perseguem politicamente jornalistas e os matam de forma discreta. desta vez vou ter que concordar com o manel, lembra sim maquiavel.

Anónimo disse...

Só acrescentaria algo ao teu comentário manel. Para além da economia, a imagem. A quantidade de propaganda que consegue a tornar a mais estúpida ideia em algo de muito aceitável para muita gente.