sábado, 20 de setembro de 2008

vamos estudar o artigo 43º?


Aquilo que se pode ler no manual de História do 12º ano, editado pela ASA:

“Qualquer que seja o modo como se encare a filosofia comunista, a verdade é que devem ser-lhe creditadas realizações positivas na economia: uma acentuada melhoria dos métodos agrícolas e do rendimento do solo, expansão considerável da industrialização; introdução da planificação que tem, pelo menos, a vantagem de evitar a superprodução”

de facto, nem se percebe muito bem porque é que a coisa correu mal.

E, claro, o Maoísmo não é mais do que "uma longa luta revolucionária apoiada, sobretudo, pelos camponeses"

e McCarthy foi tão mau, ou pior, que Estaline:

“Se, na URSS, a acção de Estaline provocou milhares de mortos e a deportação de milhões de pessoas para campos de trabalho forçado na Sibéria, nos EUA a perseguição ao suspeitos de simpatizarem com o comunismo e de promoverem actividades antiamericanas transformou-se numa verdadeira “caça às bruxas” que ficou conhecida por maccarthismo.”

De facto, é impressionante o facto de só terem ardido bruxas na URSS...

e viva Fidel, que foi uma vítima das circunstâncias:
“A princípio tratava-se de uma revolução democrática e nacional. A opção socialista só foi tomada após o bloqueio económico imposto pelos EUA a Cuba. Fidel Castro aproximou-se então, estrategicamente, da URSS e do modelo socialista soviético. O socialismo cubano apostou, sobretudo, no desenvolvimento agrícola e nos domínios da saúde e do ensino, sectores onde atingiu bons resultados. Actualmente, Fidel Castro continua a ser o dirigente de Cuba. O país atravessa sérias dificuldades devido à continuação do bloqueio e tenta ultrapassá-lo através de uma aproximação à Europa.”

Caros senhores, agora a sério, têm mesmo a certeza que esta educação não segue "directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas?"

para ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, na Voz Portalegrense, que um dia destes ainda é encerrada...

PS: já agora, deixem-me acrescentar mais uma última pérola:
“As novas tecnologias nos domínios do tratamento da informação e da comunicação aceleram a mundialização da economia e promovem a globalização: ‘O mundo converteu-se num vasto casino, onde as mesas de jogo estão repartidas em todas as longitudes e latitudes’ (Maurice Aliais).” Caminhos da História, ASA, volume III

16 comentários:

Hugo disse...

Sincerament...não me ocorre melhor palavra do que...

Sinceramente...(e eu que quando era mais puto comia isto e mastigava bem mastigado)

D. disse...

hum, eu acho pessoalmente que a unica forma de ser imparcial nestas coisas e chamar as coisas pelos nomes e mostrar os dois lados. lamento informar, mas quer-me parecer que esses senhores tem razao. eu sei que por ti teriamos manuais que apenas trariam um lado da historia, mas este ao menos traz os dois.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

daniela, a história não deve ser parcial, nem se deve contentar pela minha versão.
a história deve ser factual, imparcial, baseada em acontecimentos, em resultados, em documentos da época, etc.
dessa forma, a não ser procurando fontes tendenciosas, não se pode provar nenhum dos pontos anteriormente apontados.
simplesmente porque não foi assim.

D. disse...

aquilo a que chamas fontes tendenciosas, para mim e para muitas outras pessoas nao o sao e vice versa. por isso acho que o livro esta totalmente imparcial

Hugo disse...

a História não é uma crónica...é uma exposição de factos...a opinião e os "lados da questao" cabem a quem lê descobrir...e não ao historiador dar a sua opinião...

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

e o que está também em questão não é a qualidade do ensino da história.
é claro que a apresentação de fontes de má qualidade ou tendenciosas é sempre mau sinal, ainda que a daniela considere essas fontes verídicas ou confiáveis.
o que está em questão é a qualidade do ensino e a sua total desvinculação de directrizes condicionadoras, sendo que neste caso é inegável a forte matriz ideológica e política que influencia os materiais de história. eu não me lembro de estudar as particularidades do comunismo desta forma. lembro-me de estudar a ideologia de forma resumida pelo manual. de ler documentos de ambos os lados da história. lembro-me dos cruéis massacres ocorridos na URSS e na RP da China que eram explícitos.
isto sim são factos que não se podem esconder. seguir a linha ideológica destes manuais é dar a desculpa de, nos próximos manuais, se esconder o massacre de judeus no holocausto.

a própria argumentação à volta de fidel, ou mccarthy... é mentira, por favor. é mentira pura. deve ser o que se ensina na coreia do norte.

D. disse...

o problema, manel, e que tu querias que la viesse a tua versao da historia, porque achas que ela e que e correcta e imparcial. ha sempre dois lados da historia, os manuais tem de os mostrar. nao creio que sejas o maior historiador do mundo para vir dizer aqui que fontes usadas em muitos outros sitios de prestigio sao falsas. nao creio que
esse livro tenha escondido os massacres dos regimes denominados de comunistas, mas tambem nao acho que fosse normal esconder a opressao americana para treinar carneiros que so veem um dos lados do que se faz na america.
p.s - sugiro que publiques aqui o texto inteiro do livro e nao os pedacos que seleccionaste. senao eu posso tambem ir ao nosso livro de historia do 12o ano e seleccionar frases que fora de contexto podem soar muito mas.

Ary disse...

Manuel,

se o livro só diz isto é faccioso, mas se diz isto e outras coisas e bastante interessante. A verdade é que nada disso é mentira.

Posso falar melhor sobre a questão cubana porque no 12º me interessei bastante sobre o assunto e cheguei a fazer dois trabalhos sobre o país. O que se passou e passa em Cuba de mau é em grande medida por culpa dos EUA e de um bloqueio que já não se justifica.

Não há fontes imparciais porque todas as fontes são imparciais. Eu explico: as fontes, do ponte de vista instrumental (um texto, um discurso, uma estatística, uma estátua), todas são objectivas. O problema da história é que a sua tarefa não se resume a compilar fontes, mas a fornecer um guia para a compreensão do passado, o que obriga a um tratamento das fontes. Esse é sempre subjectivo, logo sempre parcial.

Podes achar que os bons eram mesmo bons e os maus mesmo maus, mas da mesma foram que as pessoas não são assim agora, também não o eram antigamente.

Pára de ver o mundo a preto e branco. Estamos no século XXI a cores.

Ary disse...

Será que escreves estar coisas bombásticas só para haver comentários?

Francisco disse...

Também já pensei nessa hipótese, Ary. Por isso é que deixei de chatear o Manel com os emus comentários.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

isto parece um pesadelo.
portanto, tá lá escrito o seguinte:
"A princípio tratava-se de uma revolução democrática e nacional. A opção socialista só foi tomada após o bloqueio económico imposto pelos EUA a Cuba."
isto aqui é aceite de antemão por ti ary? isto foi mesmo assim?
eu deixo o comentário de um formado em história português que foi contratado pela revista que primeiro descobriu esta pérola do nosso ensino:
“As dificuldades do regime não se devem ao bloqueio americano, mas ao regime comunista que vigora no pais e ao fim do apoio soviético” nos anos 90, aponta Miguel Monjardino. E é “incrível” que se chame a Fidel “dirigente de Cuba, Fidel é um ditador”. Ou melhor, nem isso está certo: já não é, passou o poder, pelo menos formalmente, ao irmão, Raul.

meus senhores, isto é tão bombástico, mas tão bombástico, que merece ser publicado. e é tão bombástico mais, que os vossos comentários ainda tornam mais bombástica a questão.

João Fachana disse...

Estou a ver que és um leitor da SÁBADO, Manuel. E, apesar de tudo, eles são um bocado tendenciosos, pelo que apostaria que outras frases desses livros que equilibrariam um pouco a balança foram omitidas da reportagem...

Hugo Carvalho Gonçalves disse...

Desta vez tenho que concordar com o Manuel...não tão drasticamente mas tenho... :D

Lembro-me claramente no secundário que a ideia que ficava era que os EUA eram os bonzinhos e os Russos os mauzinhos...Depois cresces e aprendes que são todos mauzinhos, porque querem ser bonzinhos para eles próprios...ou como diria o ary opostamente, é tudo um arco-íris...

O problema está que a informação transmitida é muito simplista e quadrada, se bem que é muito difícil "transmitir" história sem o fazer com ódios e amigos de estimação...
Mas sinceramente, há fontes bem mais informativas, e passagens altamente infelizes nos livros de história...

Pede-se um bocadinho de cuidado, embora obviamente não diga que são mentiras, sinceramente...as coisas ainda são feitas encima do joelho...

Hugo Carvalho Gonçalves disse...

E tinha um professor anti-americano, era altamente divertido vê-lo a burbulhar enquanto discutia porque determinado colega tinha uma t-shirt com a bandeira americana...

como ele saudosamente dizia "shame on you"...

Ary disse...

A revolução não tinha uma inspiração única. Foi feita por pessoas muito diferentes que não gostavam de um regime subserviente aos EUA, muito pouco eficiente e, já agora, também muito pouco democrático.

Se tu vires bem em Portugal não esteve muito longe de acontecer o mesmo em 74.

Hugo, afinal em que é que concordas com o Manuel? Só te vi discordares moderadamente.

João Fachana disse...

Aliás, aconselho-te agora a leres os direitos de resposta dos autores dos livros que vêm na Sábado desta semana...