domingo, 26 de outubro de 2008
A morte depois do auge
A verdade é que foi através dele que estreitei laços com pessoas que não teria feito, se não fosse a vontade de frente a frente discutir o que discutíamos aqui (os exemplos mais flagrantes são o Francisco e o Pedro, que hoje já nem estão do painel), e portanto o blogue terá sempre para mim um carinho especial. De qualquer forma e como fui apenas convidada muito depois de o blogue ter sido criado, não sei quais os pensamentos e objectivos que o criaram. Seria muito fácil simplesmente apagá-lo, mas acho que ele deve ficar activo. Acho que devem entrar as novas pessoas que o quiserem e eu mesma espero algum dia voltar a achar-me capaz de escrever algo aqui.
A verdade é que tendo morrido a discussão, morreram os propósitos que me parecem fundamentais deste espaço. Contudo e convém salientar, não morreram as discussões no corredor da FDUP, essas que ao vivo e a cores por vezes descambam em cenas de longa violência entre os dois blocos. Tal como os leitores puderam presenciar ao longo de vários meses.
domingo, 19 de outubro de 2008
preocupações altruístas
in Uma Teoria da Justiça, John Rawls
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
intermitências
Após uma conversa pessoal (por messenger) o Francisco contou-me que já não se enquadrava no projecto, e que sentia que estava até a estorvar.
É sempre um privilégio ter gente de valor nos projectos que ajudámos a construir. E o Francisco foi uma aquisição óptima para o blogue. O facto de já não se estar a sentir confortável no nosso pequeno casebre, e aqui faço questão de tornar manifesto que nunca o Francisco "estorvou", mesmo com todas as discussões que tivemos, é uma justificação que temos de aceitar.
Desde já, ficam os estaminés do Noronha aqui expostos, e aconselho a visita a:
O Bósforo, um dos melhores nomes alguma vez escolhidos para um blogue, é o sítio "oficial" do Francisco;
O Street Scriptures, um blogue "musical".
Assim, sai o Francisco dos nossos links de autores, mas entra directo para os "must visit".
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
O Seminarista Arrependido
Numa altura em que a situação económica mundial se apresenta digna do mais reverente respeito, e ainda só conhecemos parte do iceberg (falência de bancos britânicos, americanos, alemães; falência do Estado islandês; etc.), em que se congeminam planos Paulson (esperemos pelo corolário) e, na União Europeia se concedem garantias aos bancos privados; considero absolutamente necessário gastar o que temos e o que não temos em obras públicas. Pode-se argumentar que as obras públicas são um investimento que geraria postos de trabalho importantíssimos (emprego directo e indirecto), bem como dinamizaria a banca (através de parcerias público-privadas). Talvez esgrimisse assim Louçã, apoiado na sua cartilha de miscelânea (mistura todo o socialismo existente e ainda um belo queijo mozzarella de búfalo). Contudo, nós, pessoas previdentes, retorquimos com bom senso. Ora, devemos incluir na equação um possível agravamento do panorama económico internacional, já de si preocupante, o que a verificar-se, poderia conduzir à insolvência do Estado e da banca, um buraco negro mais preocupante do que as acelerações de partículas do CERN (é simples escudar-nos em empreitadas colossais sempre que nos sentimos acossados). Mas, tal como Louçã, não queremos ser um país pacóvio. Devo referir que creio plenamente que os quinze minutos ganhos de Lisboa ao Porto com o TGV, e a construção de novo aeroporto num momento de inflexão da indústria aeronáutica mundial, farão com que Portugal deixe de ser pacóvio. Aliás, o socialismo de miscelânea do Bloco de Esquerda tem contribuído largamente para deixarmos de o ser.
Louçã não vê razão para que Portugal seja a único Estado a ficar de fora. Eu também não vejo razão para que Portugal continue a ficar de fora de políticas realmente comprometidas com o seu desenvolvimento, tal como sucede no resto da União Europeia (não consideremos as novas aquisições), uma reforma na educação verdadeiramente incisiva (não meramente estética, de quadros multimédia e Magalhães); e incentivos (criteriosamente atribuídos, para não haver as fraudes da década de noventa) a empresas dinâmicas. O líder do Bloco de Esquerda aponta uma medida para olear o empreendedorismo luso: IMPOSTO SOBRE A RIQUEZA!
domingo, 12 de outubro de 2008
como (não) libertar um país
República Democrática de Timor, República do Iraque, República Islâmica do Afeganistão. Três nações que passaram por processos de libertação ou remodelação constitucional e de regime. Podemos até situar os três no mesmo século (Timor em 1999) pelos aspectos que podem unir os processos que cada um se deparou.
A regra da actualidade, no que toca à libertação de países, é fazer eleições. Após se destronar a potência invasora e o tirano de serviço, acha-se por bem, principalmente entre a ideologia situada à direita (que é curiosamente a mais apta às intervenções militares), desempoeirar as urnas e organizar campanhas. É de facto um caminho simples para obter a democracia. O que se passa é que também é o caminho mais fácil e é o menos importante num processo de democratização.
Todo o esforço contido na democratização do Iraque e do Afeganistão será em vão se não se concentrarem esforços na construção daquilo que é o verdadeiro garante da democracia: a sociedade civil e o estado de direito. As culturas ocidentais passaram por séculos de modernização antes de conseguirem organizar eleições livres. Da Magna Carta, documento ancestral que primeiro estabelece os limites do poder governamental, ao sufrágio universal adulto no mundo ocidental e democrático passam mais de 800 anos de distância. Nesses oitocentos anos, as sociedades europeias ou europeizadas passaram por várias tranformações que moldaram as suas instituições republicanas e democratizaram a sociedade.
Este processo lento tem a singular benesse de consolidar o estado de direito e combater os maiores inimigos da democracia no âmbito interno: a divisão étnica, a insistente discriminação racial e religiosa, e o feudalismo.
Todos estes factores foram esquecidos por George Bush na invasão do Iraque. Enquanto no Afeganistão encontrou uma população racial e religiosamente semelhante (islâmicos xiitas na maioria, comum background genético persa) e apenas se teve de haver com as dissidências próprias das sociedades divididas em tribos (algo que não deu tanto problema como seria de esperar, visto ter-se mostrado fácil unir as tribos contra o inimigo comum, os talibans) no Iraque a administração Bush viu-se na responsabilidade de apaziguar um cozido étnico e religioso. Primeiro, não lidou com a confrontação Sunita-Xiita, nem sequer manobrou com as restantes comunidades que se podiam ter mostrado colaboradoras após anos de opressão Hussein: Sunitas Curdos, Ismaelitas, Cristãos Arménios, Ortodoxos, Nestorianos, Judeus não-Ortodoxos,etc.
Também não criou as bases para a paz racial, visto que tanto sunitas como xiitas, mal se compreendam no futuro, vão fazer aquilo que sempre fizeram em harmonia: desprezar os curdos.
O outro mal, que virá disfarçado e de difícil distinção, é o problema da propriedade. Não se sabe muito bem como funciona o regime de propriedade no Iraque, nem quem é o maior proprietário, se os oligarcas do anterior regime ou o Estado (ou seja, os oligarcas do novo regime).
Enquanto permanecer nas mãos da elite governativa o principail meio de produção, a Terra, a população iraquiana não poderá usufruir de verdadeira democracia. O eleitorado será influenciado por esses mesmos detentores do grande capital, que acicatarão os confrontos entre as populações no seguimento do harmonioso lema do "dividir para governar".
Faz falta assim uma maior supervisão da comunidade internacional para uma redistribuição controlada dos recursos, de preferência para os trabalhadores das terras. É preciso aquilo que os anglo-saxónicos chama de land reform, que nós podemos traduzir como a Reforma da Fazenda Nacional, que consiste numa nacionalização de bens seguida de venda de Bens Nacionais.
Muitos caem no erro de considerar estas medidas como medidas de perfil socialista, na medida em que se preconiza a redistribuição de terras e riqueza natural. Nada mais errado.
Muitos exemplos de land reform podem ser encontrados ao longo da história, mesmo entre nós, não com fins socialistas mas no intuito de introduzir no mercado enormes propriedades cujo valor e produção estavam alienados, sufocando o comércio e a agricultura. Foi o que se passou em 1834, num decreto assinado pelo Rei Dom Pedro IV e pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, que nacionalizava todos os bens detidos pelas ordens monásticas (cuja propriedade ocupava uma grande parcela do território nacional). Esses bens foram mais tarde levados a leilão público, e infelizmente a corrupção que precedeu os primeiros tempos da Monarquia Constitucional não conseguiu evitar o voracionismo das grandes figuras do regime, como radical democrata Saldanha, que enriqueceu desmesuradamente. Este voracionismo da elite política está a ser, em certa medida, prevenido em Timor Lorosae, ainda que com algumas deficiências óbvias no processo.
Também nos EUA a estas medidas, em especial o Homestead Act de 1862, contribuiram para uma maior repartição de terras e um aumento de proprietários (este Act em especial cedeu 10% da terra dos EUA). Esta "democracia dos proprietários", nas palavras de John Rawls, liga o fundamental fenómeno da liberdade em democracia com a terra privatísticamente possuída, dois factores indissociáveis.
Assim, deve-se procurar a reforma da Terra para arrancar a economia rural do feudalismo medieval, não para criar o controle efectivo do estado sobre o mercado (no método de acção socialista) mas para criar a prosperidade e desenvolvimento de que só a expansão dos mercados livres são capazes. A evolução de uma economia feudal para uma sociedade onde se dá a ausência de propriedade privada "impede qualquer tipo de fixação racional de preço ou estimativa de custos", como diria Ludwig von Mises.
As formas de controlar e impedir esta economia feudal ou de senhorio ou de Estado, passam pelas seguintes medidas:
não dar ouvidos à Direita, e não se ficar pela realização de eleições;
não dar ouvidos à Esquerda, e parar de dar indiscriminadamente meios e ajudas humanitárias, a intenção é muito boa, mas apenas ajuda os novos senhores feudais;
apressar a transferência de responsabilidade para os trabalhadores/proprietários e cidadãos, conceder na íntegra o direito de propriedade para os terratenentes e produtores.
No melhor interesse da propagação da democracia, não se podem esquecer as democracias liberais que, hoje mais do que nunca, a luta pela liberdade é, também, uma luta por terra livre.
nota: a inspiração para este artigo veio de outro, de nome semelhante, retirado da revista Newsweek, que pode ser visto na íntegra aqui.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
sinto que já vi este filme antes
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Em Portugal é que a democracia funciona
Existe em Portugal este profundo desgosto pela democracia e pelo exercício da democracia. Muitas mentes continuam a achar que é mau alguém lutar pelos seus interesses. Não faço ideia do que lhes passa pela cabeça ao condenar acções que mostram que ainda há gente que se interessa pelos assuntos do país e por haver pessoas que arriscam as carreiras e perdem um dia de trabalho, que pesa imenso na carteira nos dias de hoje, para lutarem por interesses que possivelmente os vão acabar por beneficiar também. Torna-se tudo uma imensa hipocrisia e é um dos sintomas mais básicos do porquê de muitas coisas falharem em Portugal. Em países europeus mais reivindicativos, existe efectivamente um maior nível de vida e basta apenas atravessar a fronteira para comprovar este facto. Por estes lados, prefere-se esperar que meia dúzia de tipos sindicalistas consigam trazer alguma coisa que nos faça bem também, senão, não valeria de facto a pena ter perdido um dia de trabalho para dar em nada. E assim se vai fazendo de conta que se vive neste pedaço de terra.
Posição de Princípio
Com naturalidade se considera tolice falar em coragem política. O tempo dos homens de bem, firmes, espirituosos, despreocupadamente competentes e à vontade com os seus defeitos (maxime Churchill) já lá vai. Exéquias fúnebres cumpridas, exumado o corpo perguntamos: mas será tão abjecto salvaguardar um certo conservadorismo ético-moral? Tenho para mim que um pouco de firmeza no trato político não indisporia ninguém. Todavia, encontramo-nos votados a bajular Chávez, a oscular (sonoramente) os anéis de José Eduardo dos Santos e sua adorável filha, bem como a consumir, por via intravenosa, a China (é comicamente grotesco não receber oficialmente Dalai Lama com receio de represálias).
Infelizmente, os nossos pecados transcendem a fraca escolha de companhias, escarnecemos (subterfúgio milenar) até do Direito Internacional. Não podemos, honestamente, reconhecer a independência kosovar à revelia da Sérvia, por muito poroso que o conceito de SOBERANIA possa parecer. Ora, um acto unilateral desta índole é um ultraje para o Direito Internacional, a negação do mesmo, uma impertinência perfeitamente descabida e que coloca em cheque tantos Estados a braços com problemas separatistas. Não é de desconsiderar a seguinte questão: haverá Nação Kosovar? Coloquemos sérias dúvidas.
Bem, o que está em causa é a atitude do Estado português que, numa oportunidade preciosa de optar por uma posição de princípio, escolhe seguir de bom grado a Comunidade Internacional, gesto fácil, que para grandes correrias já não temos pernas. Obviamente não seríamos sancionados comunitariamente em caso de oposição, tratou-se então de agradar Bruxelas, quão dóceis somos. Não importa que a Rússia aponte no seu bloco de notas quem reconhece ou deixa de reconhecer o Kosovo, ávida por colocar entraves energéticos a meio mundo, nós, bons meninos pois claro, não nos damos com os maus da fita.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
coisas que Realmente fazem chorar o Manel (perdidamente)
Antes -Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do BCP Angola
José de Oliveira e Costa:
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)
Rui Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do BPN; Presidente do Conselho Executivo da FLAD
Armando Vara:
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora - Vice-Presidente do BCP
António Vitorino:
Antes -Ministro da Presidência e da Defesa
Agora -Vice-Presidente da PT Internacional; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta - (e ainda umas 'patacas' como comentador RTP)
Celeste Cardona:
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do CA da CGD
José Silveira Godinho:
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do BES
Elias da Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação
Agora - Vogal do CA do BES
Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato.
Como me esqueci de mencionar o nome de mais uma grande monárquica no post da Sociedade de Debates, aqui vai:
"Que difícil que é a vida dos homens. Eles não têm asas para voar por cima das coisas más."
Sophia de Mello Breyner Andresen, poetisa portuguesa (1919-2004)
domingo, 5 de outubro de 2008
Viva a República
"Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária."
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
It’s a magical world
O mundo é fabuloso, mágico, pulsátil de dinamismo, também é bestial. E a sua face de íncubo tem-se revelado vezes demais ultimamente, não só à noite como a lenda, atreve-se a passear de cara descoberta pelas nossas ruas, tamanho é o desplante. O Globo permanece redondo, o Velho Continente insiste em não rejuvenescer (veta as tentativas de mudança estrutural de que tanto carece); o País dos Sonhos envelhece a ritmo acelerado, má gestão, oportunidades perdidas e falta de novas que as colmatem, põem e porão a sua influência internacional em causa. Cai a águia e entram em cena Rússia (ou Gazprom) e China; Brasil e Índia em segundo plano mas a emergir também. A Santa Mãe, rejubila, aplaude, retoma a velha cartilha e exibe a sua força, purga as mágoas: a mais recente (o recém-parido estado kosovar), foi vingada com a Geórgia, no apoio dos movimentos separatistas abkhazes e ossetas. Quanto à República Popular Chinesa, onde se erguem barragens gigantes, avenidas rolex, centrais nucleares são construídas às dezenas (30 em projecto), e os céus são rasgados por foguetões ansiosos por deixar o cosmos de olhos em bico; ainda muito, quase tudo, falta fazer em matéria de direitos liberdades e garantias (quanto mais de direitos de terceira e quarta geração!). Não adianta encapotar o autoritarismo chinês, é grosseiro, injusto, INADMISSÍVEL. O Estado que se posicionará como primus inter pares, põe já em sentido meio mundo: negoceia com os Estados Unidos e com a Rússia; arranjou maneira de atulhar a União Europeia de consumíveis baratos; fornece armamento ao totalitarismo africano, e seduz o médio oriente.
Neste quadro não é, de forma alguma, exagerado afirmar que as democracias estão em desvantagem. Vejamos se tenho razão. Para além da Rússia e China, carecem de cimento democrático: Bielorrússia; Venezuela; Angola; Guiné; Zimbabué; Coreia do Norte; Gana; Irão; Líbano; Líbia; Paquistão; Iraque; Afeganistão; Myanmar; Haiti; Geórgia; Sudão; Costa do Marfim; Serra Leoa; Senegal; etc. É absolutamente necessário reflectir sobre estes dados, e convém que tenhamos em conta que esta inflexão dos regimes democráticos, acarreta complexas questões de segurança, coloca-nos o credo na boca: será admissível permitirmos que a ONU seja controlada por um lobby afro-asiático (que chega ao ponto de enviar Mbeki, compincha de Mugabe, para mediar as eleições zimbabueanas)? Daí a ideia, talvez não tão absurda quanto isso, partilhada por Obama e Mccain, de criar uma Liga dos Estados Democráticos.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Apresento certos dados estatísticos e falo-vos da abstenção, o todo poderoso obstáculo, o inimigo público, número um das democracias.
Aponto, por ordem cronológica, as Legislativas de 1999 (1); as autárquicas de 2001 (2); as Presidenciais de 2001 (3); as Legislativas de 2002 (4); as Legislativas de 2005 (5); as autárquicas de 2005 (6); as Presidenciais de 2006 (7); o Referendo de 2007 (8).
1- 38%(mau); 2- 40%(pior); 3-49%(.....); 4- 38%(melhor); 5-35%(fico mais feliz); 6- 39% (voltou a piorar); 7- 38%(menos mal); 8-57% (só me vêm palavrões). Estas são as percentagens de cidadãos inscritos não votantes, de cidadaõs que conscientes dos seus deveres e direitos (então de direitos acérrimos defensores!),preferem não levantar o rabo (perdão pela palavra usada) do sofá para decidir o futuro do seu país, região, seja o que for, etc. Cidadãos que preferem criticar o famoso e gasto "estado das coisas" a fazer um mínimo esforço por mudá-las, por lutar por uma boa e melhor situação. Bem sei que estatísticas de nada servem e que são elas uma das três formas de se não dizer a verdade como disse Keynes (penso não estar errado no autor), mas para este importante aspecto anti democratico parecem me salutares.
Ou seja, estes mal fadados portugueses, vítimas das más opções (indiscutíveis) dos seus representantes por si eleitos, simplesmente preferem o pior caminho de todos.... a preguiça (sexto pecado capital).
A meu ver, não tenho outra forma de definir tal acção ( aqui inacção) com palavras que não cobardia, inconsciência e muitos vitupérios que de bom grado lançaria.
Pois eu acrescento vos mais, aquilo que eu entendo destes cidadãos abstencionistas (para alguns o novo poder): que não são, precisamente, cidadãos.
" É cidadão aquele que, no país em que vive, é admitido na jurisdição e na deliberação... Segundo a nossa definição, o problema é simples. Se participam no poder político, são cidadãos." Tais dóceis e deveras educativas palavras pertencem a Aristóteles. Claro que para aqui as usar tenho que considerar o evolucionismo secular entretanto volvido, mas penso que não o insulto a ele, em primeiro lugar, nem que cometo um erro tão grave que justificasse a não inscrição aqui destas palavras. Pois bem, a questão é esta mesma. Estes indivíduos, já despromovidos, não devem ser, efectivamente considerados cidadãos.
Exemplifico o caso português com uma pérola, vinda directamente do líder da bancada laranjinha: "o psd terá uma posição de abstenção construtiva"; contextualizando isto na votação na generalidade do novo código de trabalho. Eu o que me pergunto, e a vós também, é que vergonha é esta?! Então o maior partido da oposição não vota e diz que ainda é construtiva a abstenção! Só espero não os ver a apelar ao voto no proximo acto eleitoral.
É verdade, estes também não são cidadãos.
Mas permito me ainda adicionar uns mais pontos que me suscitam particular interesse:
1) Até que ponto se justifica a regionalização nos seus moldes actuais
2) Qual o papel que o referendo deve ter nas democracias actuais, de individuos abstencionistas
3) Porque motivo recorrem certas vezes os líderes político- estaduais ao referendo - a meu ver, não se trata de quererem uma democracia "mais exigente", mas sim uma questão de medo e de descompromisso pessoal.
últimos ensaios sobre o pânico e o medo induzido às massas
Nova Vaga
Abraço a todos
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Complexo de prepotência
Pior que criticar a prepotência dos outros, é adoptar a mesma atitude, achando que podemos decidir quem é o novo senhor prepotente americano. Sim, refiro-me ao futuro presidente estadunidense.
Não vejo outra opinião, impressa ou electrónica, considerando apenas o espaço europeu, que contrarie este facto: Nós sabemos quem é melhor para vocês! Nós é que sabemos! Mais do que isso até, nós é que vamos decidir com quem queremos lidar daqui para a frente nas relações internacionais!
De facto, os opinistas de plantão europeus, e em especial os nacionais, não dizem outra coisa quando analisam os dois candidatos á casa branca, que não seja a sua decisão do melhor futuro presidente norte americano. Pior de tudo, é que estes comentários e textos de opinião, regra geral da dita esquerda moderna (que tanto está na berra e eu não sei o que seja), aquela mesma que não se abstém de duras críticas á acção imperialista norte americana nas ultimas décadas; aquela que os culpa de toda a crise que hoje atravessamos e não é capaz de reconhecer a sua quota parte; aquela que se diz democrática mas se acha no direito de poder decidir quem é o melhor digno sucessor de Bush.
Digno? sim, claro. Meus caros, queiramos ou não, o novo presidente vai acima de tudo defender os interesses capitalistas e mesmo imperialistas dos norte americanos, não vai andar preocupado com a nossa posição nas relações internacionais (nossa posição, aqui, diga-se europeia).
Saber quem quer saúde para os americanos ou não, saber quem é pro aborto ou não, saber quem ama Darwin ou não, saber quem vê a Russia do Alasca ou não, saber qual é o candidato de esquerda ou de direita, são análises que a nós, portugueses e a todos europeus não devem, não podem interessar. O que é mister para nós, é perceber quem dá mais preponderância á acção dos estados europeus em particular e da UE nas relações internacionais, num contexto interrelacional cada vez com mais parceiros, da optica económica, monstruosamente mais fortes que nós.
Mas só nos deve interessar, não pode nunca levar a dizer quem queremos como chefe de um Estado que não é o nosso... é complexo de prepotência.
JPP e o Grande Medo Liberal
sábado, 27 de setembro de 2008
Estes Bons Otomanos
A História oferece-nos optimos campos experimentais, laboratórios completíssimos para físicos, químicos, médicos malditos, filósofos e políticos. Nesta óptica de ideias a Nação turca representa um excelente osciloscópio. Resistiu à cisão romana; bastião do Império Bizantino (que viria a cair aos pés dos turcos otomanos); e pedra preciosa do Império Otomano. Ofereceu a basílica de Santa Sofia ao deus cristão e remodelou-a (os quatro minaretes foram então inseridos) num ósculo islâmico. Após o termo do Império Otomano surge a República da Turquia. Todavia, os turcos não se entregaram à monotonia, fabricaram um regime autoritário, sobreviveram a várias revoluções e, actualmente, erguem-se de uma forma salutar e irrepreensível.
A Turquia é um Estado dinâmico, empenhado no desenvolvimento económico e, por isso, surpreendentemente produtivo (exportou, por exemplo, para a Rússia no ano anterior bens no valor de 27 milhões de dólares), e domina a diplomacia de uma forma exemplar (estabelece boas relações com a Rússia, Estados Unidos, Geórgia, Israel). Tayyip Erdogan, primeiro-ministro turco, operou progressos significativos no reconhecimento de Direitos Fundamentais a que a Nação permanecia alheia; e da sua luta, assumidamente pró-europeia, resulta uma Turquia capaz de despertar a cobiça da União Europeia (e de muitas multinacionais, que se acotovelam para conquistar a sua quota de mercado), cada vez mais sedutora e difícil de resistir, aliás, resistir seria uma péssima escolha. Se dúvidas houvessem quanto à sua legitimidade, a deliberação do Tribunal Constitucional turco (não exonerou Erdogan), tal como o apoio da maioria da população, incluindo os empresários mais empreendedores (Associação dos Empresários e Homens de Negócios Turcos), não deixariam margem para suspeições.
Contudo, o bom trabalho de Erdogan encontra muitíssimos entraves no plano interno. O chefe do executivo pertence ao AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), e não fosse a matriz islâmica do partido, sem dúvida seria transportado numa liteira de ouro. Ora, o governo a certa altura da trama decide retirar a proibição do uso do véu, TRAGÉDIA!, os laicos sentiram a sua pureza maculada! Inverte-se o sentido da corrente e não mais param de chover acusações: o AKP, qual demónio, tenta islamizar o bom povo turco, porca miséria!
Tais acusações merecem uma demorada reflexão, bem à medida da sua complexidade, pois, o epíteto LAICIDADE não legitima resoluções extremistas. O radicalismo laico é tão pernicioso quanto o extremismo religioso. Seguindo as directivas dos nobres laicos turcos (a elite) correríamos o risco de desculturar a Nação turca, ou seja, destruir esta Nação, e convenhamos, um Estado sem Nação não é um Estado, é quanto muito, uma cooperativa de indivíduos previamente esterilizados. Será o uso do véu um atentado assim tão grave? Se o é então acabemos também com o juramento dos presidentes e réus nos Estados Unidos (mão sobre a Bíblia); acabemos com o perigosíssimo “God save the Queen”; e, já que estamos para trabalhar, sigamos os ensinamentos orleanistas e queimemos todas as igrejas, mesquitas, e sinagogas!
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
já se falou de regulações por aqui?
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Porque fala Lula?
Tal afirmação vem do pouco eloquente, nada académico, pouco instruído, mas sempre populista Lula da Silva. Vários são os motivos por que poderíamos criticar este chefe de Estado, mas certamente que a frontalidade e o jeito simples constituem suas virtudes. As largas e duras críticas podem esperar.
Isto tudo tem uma pequena intenção, e aqui procuro transpo-la para o caso português. Ao passo que Sócrates, líder bem dotado de oratória e com avançados estudos académicos (?)prefere optar por não discutir o tema do Casamento gay, proposto pelo PEV e Bloco, já que não se inclui no programa, Lula não deixa de se manifestar. E fá-lo nas palavras transcritas, sem medos por razões eleitorais, culturais, etc, nem qualquer hipocrisia argumentativamente justificativa.
Onde está a obediência de Sócrates quanto ás suas promessas eleitorais de pré-campanha de 2005?
Coerência, respeito e vergonha fazem-lhe falta.
Ou será que é caso para nos questionarmos porque fala Lula fora do programa?
terça-feira, 23 de setembro de 2008
O Regresso de Jedi
Há muito tempo que a Polónia não vivia um Verão tão quente, tão quente que causou um notório eczema por toda a União Europeia. Em cima da mesa está o projecto de defesa norte-americano Star Wars (George Bush, não Lucas) que pretende a instalação de uma bateria anti-míssil (10 mísseis interceptores) na Polónia e um radar de ponta na República Checa, encerrando a, há muito almejada, rede balística dos Estados Unidos (Alasca, Califórnia, Grã-Bretanha e Gronelândia, actualmente). Ora, até aqui tudo muito bem, um belo sistema defensivo (sublinhe-se defensivo) que protegerá não só a Terra dos Sonhos (custeado inteiramente por esta) mas também a Europa (excluindo metade da península apenina). Todavia, há que escalpelizar o assunto com mais afinco: existe um Estado de nome Rússia, e esse Estado não acha muita piada à possibilidade de ter uma bateria antiaérea voltada Moscovo, capaz de interceptar qualquer míssil, até os mais sofisticados; a própria localização do engenho é-lhes um pouco aziaga (fronteira com a Ucrânia que, como lembrava numa crónica o embaixador José Cutileiro, é o berço da Nação russa). Bem, mas chega de falar da intrincada psique russa, tão repleta de neuroses, bem ao jeito das personagens de Dostoiévski.
Lembremos que a negociação foi bilateral, nenhum Estado europeu, nem mesmo os que possuem assento na NATO, teve voto na matéria. Logo aqui surgem algumas dúvidas relativas à estrutura da União Europeia, lançando a discussão das modificações que lhe deverão ser induzidas rapidamente (note-se que, após o Não irlandês, a Polónia foi o primeiro Estado a abandonar o Tratado de Lisboa). Contudo, o assunto não encerra aqui, e o Direito Internacional pede a palavra: o tratado INF (Tratado sobre a eliminação dos mísseis de alcance intermédio) que vigora desde 1991 poderá ser um entrave; o Tratado AMB (anti-mísseis balísticos) foi abandonado oportunamente pela administração Bush.
O braço de ferro Santa Mãe Rússia/Abençoados Estados Unidos da América encontra-se em igualdade pontual (Kosovo e Geórgia), e o despique promete ser vagaroso, porém, de uma coisa podemos estar certos, vodka e marshmallows são uma combinação pouco saudável.
sábado, 20 de setembro de 2008
vamos estudar o artigo 43º?
“Qualquer que seja o modo como se encare a filosofia comunista, a verdade é que devem ser-lhe creditadas realizações positivas na economia: uma acentuada melhoria dos métodos agrícolas e do rendimento do solo, expansão considerável da industrialização; introdução da planificação que tem, pelo menos, a vantagem de evitar a superprodução”
de facto, nem se percebe muito bem porque é que a coisa correu mal.
E, claro, o Maoísmo não é mais do que "uma longa luta revolucionária apoiada, sobretudo, pelos camponeses"
e McCarthy foi tão mau, ou pior, que Estaline:
“Se, na URSS, a acção de Estaline provocou milhares de mortos e a deportação de milhões de pessoas para campos de trabalho forçado na Sibéria, nos EUA a perseguição ao suspeitos de simpatizarem com o comunismo e de promoverem actividades antiamericanas transformou-se numa verdadeira “caça às bruxas” que ficou conhecida por maccarthismo.”
De facto, é impressionante o facto de só terem ardido bruxas na URSS...
e viva Fidel, que foi uma vítima das circunstâncias:
“A princípio tratava-se de uma revolução democrática e nacional. A opção socialista só foi tomada após o bloqueio económico imposto pelos EUA a Cuba. Fidel Castro aproximou-se então, estrategicamente, da URSS e do modelo socialista soviético. O socialismo cubano apostou, sobretudo, no desenvolvimento agrícola e nos domínios da saúde e do ensino, sectores onde atingiu bons resultados. Actualmente, Fidel Castro continua a ser o dirigente de Cuba. O país atravessa sérias dificuldades devido à continuação do bloqueio e tenta ultrapassá-lo através de uma aproximação à Europa.”
Caros senhores, agora a sério, têm mesmo a certeza que esta educação não segue "directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas?"
para ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, na Voz Portalegrense, que um dia destes ainda é encerrada...
PS: já agora, deixem-me acrescentar mais uma última pérola:
“As novas tecnologias nos domínios do tratamento da informação e da comunicação aceleram a mundialização da economia e promovem a globalização: ‘O mundo converteu-se num vasto casino, onde as mesas de jogo estão repartidas em todas as longitudes e latitudes’ (Maurice Aliais).” Caminhos da História, ASA, volume III
terça-feira, 16 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Berlusconi al dente
· Art 157º nº3 – “nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime doloso a que corresponda a pena de prisão referida no número anterior e em flagrante delito”.
· Art. 196º nº1 – “nenhum membro do governo pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime doloso a que corresponda a pena de prisão referida no número anterior e em flagrante delito”.
· Art. 196º nº4 – “por crimes estranhos ao exercício das suas funções o Presidente da República responde depois de findo o mandato perante os tribunais comuns”.
Posto isto, não parece assim tão insultuosa a tal ininputabilidade, todavia, a vontade de apelidar fascista o primeiro-ministro italiano tornou-se crónica.
Recentemente, Berlusconi foi também protagonista de uma proposta de lei absolutamente descabida e xenófoba que espantou todo o espectro político. Esta visava a criação de uma base de dados, de onde constariam as impressões digitais de todos os ciganos residentes em Itália. Ora, como se já não bastasse verem os seus acampamentos incendiados, os seus pertences pilhados, sofrerem espancamentos bárbaros, ainda têm de se sujeitar à humilhação de se deixarem catalogar por um governo que nunca intentou ajudá-los nestes incidentes.
Notemos, por fim, a artificialidade das duríssimas críticas que lhe têm sido dirigidas em relação às restrições na entrada de imigrantes em território Italiano, uma vez que estas em pouco diferem das adoptadas por Zapatero (socialista), Sarkozy, e Angela Merkl, aliás, em paridade harmónica com as actuais directivas comunitárias.
Nota: Não concordo com o endurecimento das medidas restritivas à imigração.
domingo, 14 de setembro de 2008
ai que bom, ai-que-bom-ai-que-bom-ai-que-bom
A ideia do nosso Glorioso Primeiro-Ministro (que é injustamente apelidado de ignorante acéfalo e hipócrita rançoso pelo capitalista autor deste blogue) em assinalar com o seu importante cunho de Chefe de Executivo da República Portuguesa este investimento privado (pensámos nós) foi de não deixar passar ao lado esta oportunidade de mostrar aos portugueses (que precisam de perceber que tudo o que o Governo faz é para o bem deles e que eles vão merecendo se se portarem bem) como tem vindo a progredir o investimento neste país.
Alguns grupos de associações de reaccionários criticam esta nobre iniciativa dizendo que o Primeiro-Ministro expõe-se de forma indigna para o cargo que desempenha, principalmente os ditos liberais, que são justamente acusados pelos nossos camaradas de ter definições muito próprias de liberalismo, pois toda a gente sabe que o liberalismo é uma prática reaccionária que intende ferir os direitos atingidos pela classe trabalhadora, que agora rege este saudável país, e pretende permitir aos patrões dominar, para todo o sempre, a vida sexual dos seus empregados. Entre outras coisas.
O Casino de Chaves irá atrair a nata do turismo espanhol vindo da Galiza, e enriquecerá a cidade de forma tão exponencial que se crê que, em 2015, todos os habitantes de Chaves vão usufruir do uso de aviões Setna atribuídos pela enriquecida autarquia para circular pela estrada e pelos ares à volta de Chaves. Tal será o progresso trazido pelo Casino, que fontes estatísticas do Nosso Glorioso Partido afirmam que a cidade mudará de nome, e passar-se-à a chamar Socratópolis. Com toda a Justiça, digamos. Viva o nosso Primeiro-Ministro, Viva o Partido, viva o Socialismo! Morra o Presidente reaccionário e metam-se os criminosos fascistas no Campo Alegre!
também publicado aqui
O bom marxista, peronista, bolivarista, guevarista, e o diabo a sete
Ninguém duvida que Hugo Chávez é uma pessoa de bem, alguém verdadeiramente empenhado na democracia venezuelana. Se ainda sobrarem algumas almas reticente façam o favor de atentar ao seguinte trecho de um dos seus acicatados discursos: “Hay que ser radicales... Porque tenemos que ir a nuestras propias raíces, radicales. Esa palabra la han satanizado: “…este es un radical”, y la han asimilado como el “loco”, no, no, radical no es loco, yo soy un radical, radical, vamos a ser radicales, radicales en nuestros principios, bien enraizados, de ahí viene la palabra, de la raíz: radical, ¡radicalmente revolucionario! ¡Radicalmente humanista! ¡Radicalmente patriotas, de la Patria grande! ¡Radicalmente comprometidos con la vida y con los pueblos!, ¡cada día más radicale!”. Palavras peculiares, humanista e preocupado com a vida e com os povos, bem, analisemos tal humanismo.
Hugo Chávez, auto-intitulado herdeiro de Bolívar, marxista, peronista, afilhado de Castro e possuidor de um incontestável mau gosto para camisas. Do padrinho herdou a apetência para discursos intermináveis, uma oitava acima deste por sinal, cadenciados pelos seus soldadinhos de chumbo socialistas favoritos. Actualmente no segundo mandato, Chávez tem arquitectado a sua política em torno das colossais jazidas de petróleo que possui, o que se tem revelado desastroso! Para além da inflação ser elevadíssima (30% ao ano; dados oficiais, 10% ao ano), nenhum empresário empreendedor com o mínimo de bom senso quer investir na Venezuela com receio, mais do que justificado, de no dia seguinte acordar debaixo da ponte. Dito isto, as empresas lucrativas correm em debandada do país, ficam aquelas que não dispõem de condições para sair, e estas provavelmente serão nacionalizadas num futuro próximo, tal como foi, cirurgicamente, nacionalizado um canal televisivo conflituante com o regime.
Há custa de subsídios vai conquistando o gáudio das camadas mais baixas da sociedade (bem ao jeito de Lula, de quem nem é grande compincha), mas nem assim obteve a aprovação popular no referendo que pretendia alterar quase todos os artigos da actual constituição (esta entrou em vigor no seu primeiro mandato). Falando em referendos, não nos esqueçamos das perseguições por parte de milícias paramilitares a estudantes de Direito que discordavam das boas intenções da revisão constitucional de El Comandante; lembremos os jornalistas perseguidos, e a lista Tascón (opositores perseguidos por assinarem uma petição de referendo para demitir o Senhor Presidente). Porém, o herdeiro de Bolívar é um homem honesto que, apesar do habitual chorrilho de grosserias (“Mr. Danger”; “El diablo”; “yankees de mierda”), sente-se terrivelmente ofendido quando, APÓS INSULTAR Juan Carlos, este o manda calar.
Findemos com um merecido elogio, Chávez é generoso, por uns quantos bacalhaus juntamente com a receita da especialidade à Zé do Pito, aceitou enviar-nos uma dúzia garrafões de petróleo.
sábado, 13 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Convite
A terra que Moisés não quereria
Abafado, momentaneamente, este assunto delicado da ordem do dia israelita devido a uma recente vaga de infanticídios, Olmert pode recobrar o fôlego, nem que seja a custa de criancinhas afogadas pelos pais. Todavia, o actual primeiro-ministro há muito perdeu a serenidade à medida que as suas declarações caíam em saco-roto e os holofotes se voltavam para a sua ministra dos negócios estrangeiros, Tzipi Livni. Perante uma judia loira, de olhos azuis, e apoiada interna e externamente, Olmert bem tem de se conformar.
Veremos, então, se Tzipi Livni alcançara o poder, se tem coragem política para revitalizar Israel, coragem essa que será necessária se pretender atenuar a componente bélica da Terra Prometida; também se poderá dar o caso de não passar de mais uma burocrata, uma oportunista empenhada em enriquecer (a título de exemplo Ehud Barak, Benjamin Netanyahu e Olmert).
domingo, 24 de agosto de 2008
a diferença entre McCain e Obama - a economia
What Good are Economists, in Scott Adams Blog
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
serviço público
Em debate estarão diversos temas na área da Política, Arquitectura, Ciência, Economia, Trabalho, Situação Internacional, Artes, Urbanismo, História, Ecologia, Europa. Os convidados são de várias origens políticas, áreas científicas e experiências de activismo.
Na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto haverá também lugar para workshops com actividades de lazer para todos os que queiram passar um fim-de-semana de debate, convívio e Festa.
A iniciativa marcará o início em força do novo ano político do Bloco, com conferências sobre alguns dos temas mais fortes da actividade do Bloco durante o próximo ano.
O Socialismo 2008 é para tod@s. Aparece!
Socialismo 2008. Eu vou. Para inscrições ir ao blogue ou falar comigo.
a mão invisível
Adam Smith
sábado, 16 de agosto de 2008
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
georgia II
Visto que é uma questão que me afectou um pouco, venho discutir o texto do Duarte em forma de post e não em comentário. Não sei se isso dificulta a discussão (agora há 2 caixas de comentários, o que se pode comprovar confuso) mas a verdade é que achei que este assunto merecia MESMO um esclarecimento e/ou debate de uma parte contrária.
De facto, o Duarte mostra logo no título um certo complexo de inferioridade que é visto nos defensores do regime de Putin, esta suposta ligação ao medo do comunismo, ao ódio ao comunismo.
De facto Duarte, o comunismo não trouxe nada de bom à Rússia, o Estalinismo não trouxe nada de bom ao Mundo, os sovietes não foram uma coisa muito bem pensada no que toca a Democracia e Estado de Direito.
Mas nem é aí que fica a batata falaciosa. O grande problema é o Canotilho apresentar, (algo que tem em comum com os comunistas, diga-se de passagem), uma estranha noção de que a história começou ou no nascimento de Marx ou na revolução de Outubro de 1917. Tudo o resto para trás são diferentes estados da evolução da sociedade humana que iriam terminar, indubitavelmente, na sociedade sem classes, após a queda do capitalismo (como se viu, anos mais tarde, em 1989 em Berlim).
Infelizmente o hegelianismo não se aplica à história muito bem, e de facto há que procurar causas das coisas no passado. Alguém disse que o passado mais não era que uma prefiguração do futuro, penso que foi Mercia Eliade. E de facto, uma invasão da Geórgia por forças russas é algo que se vai repetindo por vários séculos.
E porquê? Porque a Geórgia possui uma das poucas entradas viáveis para o Mar Negro, alguns dos poucos portos bons. Eu vou linkando as páginas úteis para quem quer fazer uma verdadeira pesquisa sobre o assunto sem considerar apenas a cultura geral que sai nos nossos telejornais (que até ontem eram todos pró-Rússia, só hoje é que mudaram a opinião)
A Geórgia também é rica em minérios, e pode providenciar um corredor para energias combustíveis fósseis, que seria muito rentável se fosse controlado por amigos dos russos (até bem à pouco, isto por cá queria dizer PCP). E quando digo rentável, não me refiro só a russos.
E quando é que a Geórgia, essa safada, foi invadida pela Rússia, esse paraíso eslavo de pessoas bem-intencionadas?
No tempo dos Czares brancos, no tempo dos Czares vermelhos, e agora no tempo de um outro Czar, que eu chamaria de Czar KGB.
De facto, há várias perguntas a fazer sobre esta questão, e várias respostas.
De facto, já vi uma menção ao presidente da Geórgia de presidente "à lá americana". Não é bem assim, Hugo, acho que foste tu que escreveste isto. De facto, é a Geóriga que é considerada um amigo do Ocidente (que somos nós) por os seus ultimos governos agirem sempre nos interesses do seu povo, que tem sido a maior abertura aos nossos ideais de democracia liberal, estado de Direito, etc.
Isto é, obviamente, uma coisa má, porque o Ocidente não quer amigos.
O grande problema, é que ser amigo do Ocidente é uma grande merda (peço perdão pelo termo, mas não há outro suficientemente qualitativo), porque nós ocidentais somos uns maricas (com todo o respeito por aqueles que se possam sentir ofendidos por estas palavras). Como tal, quando um país europeu é invadido, ou um país europeu perde uma parcela enorme do seu território (logo a mais emblemática) nós escondemos a cabeça na areia e continuamos com a mania de que somos um povo muito solidário.
E agora, asério Canotilho, acusar a Geórgia de invasora? Mas... como é que a Geórgia pode ser a invasora?
De facto, o presidente da Geórgia até sabia isto, e quando viu as relações a azedarem com a Rússia, resolveu comprar uns tanques e criar um projecto de defesa militar (que não lhe valeu um cu, visto que os russos passaram pelos georgianos como manteiga barrada no pão).
A intervenção da Rússia foi providencial. Os separatistas da Ossétia não são heróis românticos. São etnicamente aparentados com os outros heróis românticos da Chechénia, ou seja, são ossos duros de roer que fervem em pouca água e batem nas mulheres.
Por isso, a Geórgia interviu, mesmo a tempo de ser prontamente interceptada por um exército de russos prontamente colocados na região e, vá se lá saber a sorte destes eslavos, armados até aos dentes.
A minha posição em relação a este conflito está explícita neste post do blogue Há Discussão. Acho que a melhor forma de acabar a minha argumentação com um pedido para que os interessados leiam as declarações do Presidente da Geórgia e dos Países Bálticos e Polónia.
De facto, o Tio Sam invade um país de 2 em 2 anos (é uma boa média).
Mas nunca um país onde imperasse o Estado de Direito ou em que o governante tenha sido democraticamente eleito. Isto não é uma desculpa. É só uma prova de que, o que se passa no Cáucaso, é algo totalmente diferente dos julgamentos precipitados que se pode fazer em relação à atitude da política internacional americana, que não é racionalmente chamada ao barulho para resolver esta questão.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
georgia
O Chefe de Estado da Geórgia dirigiu-se à sua nação.
A Polónia, a Letónia e a Estónia já se pronunciaram sobre o assunto.
A UE cala-se, como sempre.
Por muitas desavenças e divergências de opiniões entre os autores deste blogue, penso que é um valor comum a luta contra as acções imperialistas de países mais fortes, acções essas desmesuradas e belicistas.
Para quando uma intervenção internacional séria?
sábado, 9 de agosto de 2008
rápidas
um empresa portuguesa constrói um computador (gostei!) inteligentemente feito para as crianças, devido à sua resistência e simplicidade (gostei ainda mais!) mas em vez de colocar o pequeno portátil no mercado, faz com que o Estado, (ou foi ao contrário?!?) adopte o computador na sua agenda educacional e no material escolar necessário para os estudantes da República Portuguesa.
assim, vamos ter milhares de Magalhães nas mochilas dos futuros homens e mulheres, pagas por todos nós, em nome da modernidade do nosso ensino!
quer queiramos, quer não.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
estava há dias para pôr isto aqui.
É um ponto de equilíbrio entre os "happenings" da esquerda bloquista e as barbaridades que diz a outra. Infelizmente tem os seus próprios "happenings".
Quando vi isto, pensei imediatamente em reler tudo aquilo que Vital Moreira escreveu e ver se eram do mesmo autor.
"Em matéria de liberdade política e de aposta democrática, prouvera que houvesse muitas angolas em África..."
Grande parte da história angolana está por desvendar. Os heróis da descolonização angolana, mais amados cá do que lá, são agora os membros do Partido que constituem a elite económica e política do país. De facto, Angola não é nossa, mas de certeza que também não é dos angolanos.
Angola continua um país vigiado pela "Comissão das Lágrimas", não muito diferente da odiada China. A única diferença é que Angola caiu no nosso esforço nacional ideológico, e serviu-lhe a carapuça muito bem quando o multiculturalismo entrou na moda.
De facto, num país tão intelectual como o nosso, é incompreensível como certos livros não aparecem no grande mainstream, a esclarecer certos mitos mantidos religiosamente por cá. Parece sempre que o caviar não chega para todos.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Porque nem todos são mediáticos
Aquando do episódio do voto de satisfação pela libertação de Ingrid Bettencourt, onde o PCP se absteve, rapidamente os abutres se lançaram ao PCP, acusando-o de "sectarismo", "anacronismo", etc. Sem sequer tentar vêr que havia um outro voto do PCP, porventura mais harmonioso. No entanto, critiquei e critico efectivamente a posição do PCP na altura, porque a restituição do mais elementar direito do Homem - a Liberdade - deve ser celebrada sem constragimentos ou limites.
Agora neste voto de saudação a Nelson Mandela, não houve pura e simplesmente alarido algum. Muitos fazedores de opinião nacionais gostam de bater no PCP: estão no seu direito; eu próprio o fiz e faço quando assim o entendo. Mas já não se batem é pela equidade e honestidade intelectual.