Cada vez mais tenho centrado as minhas leituras, pesquisas e divagações na maior epidemia cultural e social deste mundo. Tem sobrevivido ao longo dos séculos, passando de geração em geração, da boca de pai para filho - falo do fanatismo e do seu parente próximo o extremismo. Aproveito para aconselhar a leitura de um pequeno livro chamado "Contra o fanatismo" de Amos Oz.
A questão que a maior parte do mundo coloca. A questão de "um milhão de dólares" é "como curar o fanatismo?" Temos duas faces da moeda: de um lado, alguns com as suas armas correm pelas montanhas do Afeganistão a alvejar qualquer um que pareçam suspeitas - não será esta atitude, já em si, um pouco fanática?
Outros, tentam dedicadamente encontrar formas eficientes, justas e sem derramamento de sangue para acabar com o fanatismo... Neste era está uma "batalha em curso" entre aqueles que são fanáticos e que creêm que o fim, qualquer fim, justifica os meios, e os restantes, para quem "viver a vida" é um fim, não um meio.
O fanatismo é mais velho que qualquer religião, Estado, governo ou sistema político. Está por todo o lado - aqueles que destroem clínicas de aborto, ou que incendiam mesquitas e sinagogas um pouco por todo o mundo, só se diferenciam de Bin Laden pela magnitude do seu acto, não pela natureza do crime.
O fanatismo é tão profundo que para um fanático, qualquer um que antes era fanático e que entretanto o deixe de ser passa de irmão a traidor. Não há meio termo.
Atrevo-me a afirmar que o fanatismo está em todo lado. Um é bruto e bem visível, mas aquele que nós europeus vemos é mais silencioso, civilizado e mora mesmo ao nosso lado. Pois a "semente do fanatismo brota ao adoptar-se uma atitude de superioridade moral que impeça a obtenção de consensos" - Assim diz Amos Oz em "Contra o fanatismo". Reparem como é verdade quantos não fumadores não se acham superiores e queimariam viva uma pessoa por fumarem à sua beira. Ou quantos vegetarianos não arrancariam à dentada um pedaço de outro devido ao facto de eles comerem carne?? - de facto o fanatismo é nosso vizinho.
A essência do fanatismo concluo (isto é para ti Henrique) reside no desejo de obrigar os outros a mudar!!!! Pois o fanático é generoso, está mais interessado em corrigir o outro do que a si próprio. Pois reparem nesta interpretação Bin Ladin ao atacar os EUA é porque pretende salvar o ocidente, salvar as nossas almas, querem libertar-nos dos nossos horríveis valores: do materialismo, do pluralismo, da democracia, da liberdade, da emancipação da mulher... tudo isto que do ponto de vista dos fundamentalistas são males terríveis dos quais nós sofremos, e como afinal somos bons moços merecemos ser curados.
Como diz Amon Oz - "Sentido de humor, capacidade de imaginar o outro, a capacidade de reconhecer a necessidade de sermos sociais e ao mesmo tempo de anti-sociais", isto é viver em sociedade e ao mesmo saber quando devo reflectir sozinho sem influências. "Pode pelo menos construir uma defesa parcial contra o gene fanático que todos (sublinho todos) temos dentro de nós.
É algo que me preocupa o crescente fanatismo que existe entre nós, que passo a passo descamba noutros campos em racismo, chauvinismo, fundamentalismo, extremismo, totalitarismo. Ele está em todo lado (talvez este comentário já o seja sem eu me ter apercebido), o importante é que eu não matarei, não aleijarei ninguém para provar que estou certo... porque eu não pretendo convencer ninguém de nada. Simplesmente acredito naquilo que digo. O mundo preocupa-me o caos também, visto esperar viver num planeta próspero onde possa passar dias em discussões amenas e interessantes, em vez de dar por mim numa qualquer trincheira numa qualquer cruzada por um qualquer ideal, de uns quaisquers lideres que fanaticamente acreditam na sua razão e para isso enviam uma quantidade de agressores para com muita misericordia e porque são muito simpáticos provar gentilmente ao "inimigo" que eles (nós) temos razão e por isso é que vos estamos a matar. E irão ficar muito mais felizes no futuro... enfim... morrem agora, perdem e depois, quando estiveram de joelhos percebem a nossa razão.
Reparem, não foi o este o fanatismo que Bush executou ao "libertar" o Iraque? E ao mesmo tempo persegue outros fanáticos... Terá este círculo fim...
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário