"Sou profundo defensor de Maquiavel".
Digo e volto a dizer. . . vamos por partes:
Maquiavel apoia que exista uma autoridade política forte, que se saiba manter no poder, que não seja volátil e fraca. . . . carismático diria em extrema histeria (podes pegar por aqui numa resposta seguinte, mas não adoptes a histeria de Freud). Ele fez um manual técnico, não satirizou (isso sim fez Erasmo), não procurou eufemismos para o fenómeno político, procurou ser real e dar razão aos políticos do seu tempo quando eram desarmados pela contestação de um povo muitas vezes iludido sobre a sua própria realidade. O fim último da política tem q ser visto do ponto pessoal de cada um. . . rejeitemos por momentos a ideia de instituição rejeitemos por momentos a nossa própria AR e olhemos individualmente não para a pessoa colectiva Estado mas sim para as pessoas individuais que lá estão. .. todas elas trabalham por um objectivo comum, colectivo, diria Platão "o interesse geral", mas cada uma dessas pessoas não desejaria mais e mais poder, não quererá q a sua figura se transmute constantemente pela história e marque as realidades vindouras? Isto é, será que as pessoas não quererão ser eternas? Partindo do pressuposto que Cícero é eterno pelo que fez então todos nós poderemos querer sê-lo, não?!!! Parto do pressuposto que o ser humano vive e crê somente em si, ele quer sempre algo, não é "cordeiro" (uso e abuso desta expressão, mas é simbolizadora de uma imagem pessimista do próprio homem; peço desculpa se não acredito na humanização de Erasmo, se sei que a realidade não é algo de bom, não é uma constante apologia da paz).
Falaste do desempenho (no outro âmbito da questão do poder) e respondo te SIM, também serão factores de avaliação do desempenho e contribuiriam para uma maior manutenção da mesma pessoa no mesmo cargo, repara que se o presidente de alguma associação tiver o contentamento dos seus trabalhadores ninguém o pensará em destituir, não é verdade? Assim, tudo contribui para este fim último de Maquiavel "conquista e manutenção do poder".
Sem dúvida que a instabilidade é a outra face do poder: das duas uma ou alguém se perpetua e se mantém ou acaba por perder o seu posto, não é verdade? Os homens são sensíveis a fábula da mudança, isto é se o que está lá me contradiz então metemos nesse mesmo posto outro que está de acordo com o meu pensamento, chama-se a isto a esperança do "povo", a crença que faz com que constantemente (olha para o nosso país) as mudanças políticas sejam sempre contínuas. . . das duas uma ou por ex. o PS dá agora ao povo as suas pérolas do sonho, o seu baixar de impostos, os seus aumentos ou PSD será eleito ... sempre na mesma fábula de que se um não faz o outro promete resolve e fará. . .
Quanto à questão dos totalitarismos, queres saber a minha fraqueza em relação a teoria de Maquiavel? em relação ao "sou um defensor profundo"? bem, claro que "tenho coração e sei reconhecer extremos e sei que Maquiavel apoiaria um regime totalitário, desde que se mantivesse por muito tempo, talvez Salazar fosse júbilo para Maquiavel (tanto tempo de governação). . . Mas, nesta minha fraqueza de não aceitação, eu defendo-me com aquilo que chamo de contextualização actual, não se pode e dizes tu muito bem pegar textualmente em algo passado e aplicá-lo na realidade de hoje, aliás se leres um dos outros posts chega uma altura em que refiro a "moeda da política" e essa sim é a realidade maquiavélica que defendo nos nossos dias, o mal na política existe como uma das faces da moeda, na outra? acrescenta o humanista que queiras acrescentar, faz parte e é bem vindo para não se resvalar em regimes totalitários.
Quanto a Hobbes associá-lo a Maquiavel é fácil para perceberes o meu ponto de vista, é NATURAL que o homem seja da forma como Hobbes o descreveu, como diria Santo Agostinho até a melhor das pessoas tb "peca" (entende este pecado não no fenómeno religioso, mas sim na cobiça e ganância próprias de quem está no poder).
Não louvar Péricles?! Qual é o político hoje que se sujeitaria constantemente a eleições, repara no PS (insisto muito na actualidade deste partido mas acho pertinente), se eles se dispusessem a eleições um ano após o começo da governação provavelmente hoje não estariam lá! Aliás nenhum partido se manteria mais que um ano caso o povo tivesse descontente.. .. E claro que louvar péricles é possível, falaste de contextualização, por isso é a simples questão de transmutares um acontecimento passado para o presente e ver se era ou não possível, se não louvares Péricles, não louvas a democracia (não respondas a isto com a escravatura pois se trouxeres Péricles até hoje seria diferente; atende aos homens do passado não tanto com a sua época mas sim pelas suas doutrinas intemporais e a de Péricles é a democracia tal como a de Xenofonte a ditadura assim como Platão o comunismo e assim sucessivamente; o que quero dizer é para não fazeres a análise histórica nem filosófica mas sim a análise política).
Pegaste no 24h!!!! Boa jogada, mas atende que não podes chamar aos EUA a face maquiavélica (tal como falou o III anónimo no seu post); ninguém que está no poder dirá que é mau,´faz isto e assim, deixa -se corromper e assim, ninguém demonstra a sua face maquiavélica. . . EUA são os polícias do mundo e partindo desta posição fazem o que bem entendem, seguindo sempre o que les chamam de "políticas necessárias para o interesse geral".
"Sou defensor de Maquiavel", comigo o trago para os dias de hoje e vejo-o em tudo o sítio e toda a parte, em mim, em vós, Maquiavel, técnico, politólogo, genial pela forma como abordou a política. Maquiavel está sempre na face escondida do poder. . . acusem me de idealista, de pessimista, de conservador, de amoralista, de defensor de maldades, chamem lhe o que quiserem não aceitar Maquiavel é negar uma verdade política, actual e imutável. . . até ao fim dos nossos dias haverá sempre este debate. . . Maquiavel estará sempre lá. . . Pela simples e única razão que poder é a faculdade de mandar e de se fazer obedecer, pela única e simples razão que conquistar e manter o poder é algo que todos nós ambicionamos. . . e se o conseguíssemos, se conseguíssemos estar no poder não pensaríamos a toda a hora, todos os dias o que seria se o conseguíssemos manter, se conseguíssemos nos tornar eternos pelos nossos actos (profundo idealismo meu, mas a minha posição resume-se à mistura de ambição pessoal, poder e conquista deste, reconhecimento que os erros políticos são fatais).
Não critiquem Maquiavel, ele não era tão amoral como o descrevem, afinal "deve-se fazer o bem sempre que possível" ("mas o mal sempre que necessário).
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